sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O dia em que Almir Sater me ajudou

Duas da manhã e eu acordada. Desde a cirurgia que eu não durmo direito. No dia, por motivos óbvios. Aquele soro dá uma vontade bizarra de fazer xixi, então eu acordava quase de hora em hora pra esvaziar o reservatório. Nos dias seguintes, em casa, dormi mal pois tinha que dormir reclinada, e não deitada. Teve o dia da porcaria do jogo da porcaria do Corinthians (odeio futebol, não sei se ficou claro), em que ceresumanos desprovidos de polegar opositor (só isso explica) começaram a soltar fogos às SEIS DA MANHÃ. Nem eu dormi, nem mais ninguém. Em pleno domingão.

Quando pude, finalmente, dormir deitada, comecei a sentir dores na área da cicatriz. Aí toca levantar, tomar remédio, deitar de novo. Isso sem contar que tenho crises horrorosas de tosse seca, em que não sei se o pior é a tosse ou a dor que a tosse causa. De qualquer maneira, vou tossindo segurando o curativo, aí fico sem ar, aí meu marido acorda e sai correndo pra buscar água pra mim e por aí vai.

Pois bem. Já contei o bastante para vocês entenderem o meu drama.

Essa noite demorei a pegar no sono. Devo ter conseguido dormir mais de 3 da manhã. Às 6, dor. Remédio. Mais uma vez demorei a pegar no sono. Quando finalmente estava naquele sono gostoso e confortável, começa uma música alta pra caralho vinda da vizinha. "Você diz que vai me deixar, que me ama, bla bla bla" - algum sertanejo genérico. Olho o relógio: 8 horas da fucking manhã. Dia útil, eu sei, mas ainda assim, cedo. Penso que vai parar. Não, segue outra música de corno. E outra. E outra. Muitos decibéis de cornitude.

Levanto da cama desgrenhada, andando torta por causa do sono, calço os chinelos e desço, com muita simpatia no olhar e amor no coração. Toco a campainha da vizinha. Explico. Senhora Faxineira da Vizinha, sua música está muito alta, não estamos conseguindo dormir, estou me recuperando de uma cirurgia, ó o curativo aqui ó, tem como abaixar o volume, por toda a gentileza desse mundo que vai acabar?

A moça pede desculpas e diz que vai abaixar o som. Subo, volto pra cama e fico lá esperando a moça fazer o prometido. Ela abaixa tipo um decibel. Começa "eu quero tchuuu, eu quero tchaaaa, eu quero tchu tchu tcha tcha tchu" meu cuuuuuuuuu, não consigo dormir. Penso em descer de novo e chorar, mas talvez fosse uma escolha muito dramática. Fico lá, xingando muito a mulher no meu twitter mental, até que começa a tocar Almir Sater.

Pô, Almir é respeito. Sério, respeito mesmo. Ele fez Pantanal, Ana Raio e Zé Trovão e depois fez aquela novela da Globo em que ele chamava a nêga de "minha prenda". Acho isso muito de gabarito. Comecei a prestar atenção na música. Ó chalana sem querer... Tu aumentas minha dor... Nessas águas tão sereeenas vai levando o meu... ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

E foi assim que Almir Sater me fez dormir. Aquela musiquinha suave, conhecida, que não estupra seus ouvidos me fez pegar no sono e dormir até quase 11 da manhã. Obrigada, Almir! Vou fazer um CD seu e dar de presente praquela moça!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Unbelievable

Não consigo acreditar que daqui poucos dias já é Natal. Mais alguns dias e o ano acabou. Não consigo acreditar que em questão de dois meses e meio eu descobri um câncer, fiz cirurgia de remoção do câncer e agora estou aqui, sendo mimada na recuperação pós cirurgia. Vocês têm noção disso? Conseguem pensar na imensidão que é descobrir essa doença, do nada, e rapidamente conseguir resolver tudo e fazer cirurgia? Quando eu penso nisso, não consigo acreditar. Não consigo acreditar no tanto que esse ano foi intenso, no tanto de problemas que eu tive, no tanto de coisas que superei. Foi muita coisa.

Acredito, no entanto, no amor da minha mãe. No amor do meu marido. No amor dos meus amigos próximos. Amor inabalável. Foi por acreditar nesse amor que eu consegui superar todas as coisas em que, embora eu diga que não consigo acreditar, aconteceram.

Estou bem. A cirurgia correu muito bem. Não tenho mais tireoide, mas não tenho mais câncer, então estou no lucro. Estou me recuperando em casa e embora eu sinta dor e cansaço e incômodo, são sensações compreensíveis e esperadas. E possíveis de lidar. Muito obrigada, de todo o coração, pelo carinho, pelos votos, pelas energias boas enviadas para mim!

Lembro muito bem da virada 2008-2009 - era algo super aguardado porque eu só queria que aquele ano acabasse. Chorei muito na virada porque era aquele ano maldito acabando. Chorei abraçada no Thiago, que ainda nem era namorado, e acabou virando marido.

Estava pensando na virada 2012-2013. Certeza que vou chorar muito. Mas muito mesmo. Eu entrei em modo zen para ir para a cirurgia tranquila - e deu certo. Mas há tantos sentimentos represados aqui. A surpresa é que a maioria deles é positiva. É de orgulho, gratidão, amor, alívio. Vou chorar não porque será o ano ruim acabando. Vou chorar por emoção mesmo. O ano foi uma merda, mas eu saio dele mais forte, mais feliz. Com a certeza de que eu consigo superar muitas coisas, mas rodeada de pessoas a quem eu amo não é assim tão difícil. Vou chorar abraçada no Thiago, que era namorado, agora é marido, meu amor.

Não consigo acreditar que saio de 2012 com pensamentos tão positivos. E querendo tanto ser uma pessoa melhor.

:)


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sexta-feira, 30 de novembro, 17h

Estarei assim na rua:



Minha última aula do ano acaba às 17h de amanhã. É ou não é motivo para dançar no meio da rua?

EU ACHO QUE SIM.




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Fake it until you make it

Eu estava fazendo tratamento com Roacutan e tive que parar porque ele interfere na cicatrização e brevemente terei meu pescocinho aberto e depois costurado, como vocês bem sabem. Precisei, então, ir à dermatologista para levar meus exames de sangue de rotina desse tratamento e para pedir que ela me desse um antiidade (o Roacutan funciona como antiidade, sabiam dessa?).

Cheguei, falei que tinha parado, expliquei o motivo e a médica me lançou um dos olhares mais empáticos que eu recebi até hoje. Começou a me perguntar várias coisas sobre a cirurgia, como eu descobri o Voldemort, etc. Disse que minha pele está ótima (YAY) mas preciso tratar dos melasmas (33 anos na fuça e já com tendência a melasma).

Tergiverso.

Tudo isso pra contar que, no final, ela me disse que eu estou com um astral ótimo e que ela tem certeza de que vai dar tudo certo porque estou bem e isso é visível.

Antes de mais nada, esclareço: eu não sou uma pessoa alto astral. Tenho meio preconceito com essa expressão, acho que é coisa de gente que é feliz o tempo todo e isso me dá preguiça. Não sou uma pessoa triste nem melancólica, mas alto astral JAMAIS. Mas alguém com um bom astral é diferente de alto astral, né? Então é isso, tô com bom astral. Eu. Bom. Astral.

Amigas e amigos meus há muitos anos, o que vocês acham disso? ;)

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Alguns amigos comentaram comigo que a maneira como estou lidando com tudo isso é muito legal e motivo de orgulho. Disseram que estou forte. No final, acho que sou mesmo uma pessoa forte. Mas eu estou lidando com tudo isso da melhor maneira possível não porque sou "alto astral" ou coisa assim; e sim porque tenho um tipo de câncer que não oferece grandes riscos, um carcinoma isolado, que sai junto com a tireoide e não vai deixar rastros. Não terei que fazer quimioterapia, não passarei por nenhum tratamento sofrido. Se eu estivesse com um tipo de câncer mais complicado eu provavelmente estaria surtando de preocupação e de tristeza. Além disso, eu tenho todo o apoio do mundo do meu marido, família, amigos - até de leitores do meu blog que eu não conheço, mas me deixam comentários tão bacanas.

Quando penso nisso tudo eu penso que sou uma pessoa de sorte - sem zoeira e sem conversinha. Dos males o menor. E ainda com todo o apoio possível. O que quero dizer é que, de certa forma, não é difícil, para mim, essa tentativa diária de estar bem / manter positividade / não me desesperar. É um exercício diário. É mesmo um "fake until you make it". I'm making it. Por esforço meu - mas não sei como estaria meu esforço numa situação mais complicada.

(o que não quer dizer que a situação toda seja fácil. Não é, tá, pessoal? Eu só quis dizer que eu me forço a ficar bem, pro meu próprio bem. E de tanto me forçar, acabo acreditando que tudo vai dar certo. É mais ou menos isso. Não quis dizer que tá tudo "de boa na lagoa")

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Difícil é a ansiedade

A data da cirurgia está marcada. Meio de dezembro. Já fiz todos os exames pré-operatórios. Trabalho só até dia 03 de dezembro, depois vou tirar uns dias pra descansar e estar realmente bem pra cirurgia. A ansiedade maior é para esse tal de 03 de dezembro. A cirurgia ainda parece meio distante pra mim, às vezes parece até uma outra realidade. Vou mesmo tirar minha tireoide? Estou mesmo com câncer? Vou mesmo tomar anestesia geral? É tudo tão impalpável. Por isso fico ansiosa pro que eu conheço. Pro confortável. Pros 3 dias numa praia, com meu marido, água de côco, comida boa e celular desligado (ele ainda não sabe, mas vou deixar meu celular em São Paulo e quem quiser que ligue pra ele - quero evitar internet e etcs nesses dias de folga). Vai dar tudo certo, né? Tem que dar.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Silver lining

Eu sei que o recém desemprego dele é bem ruim, ainda mais em minha atual circunstância. Mas ele em casa o dia todo é tão bom! Companhia nos meus intervalos de aula, acompanhante nos exames, abraço nas horas de ansiedade, colo no sofá antes d'eu ir dar aula. Não consigo nem reclamar do fato dele estar sem trabalho no momento. :)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Eu nunca li tão pouco em toda a minha vida. Cada livro que deixo de ler me deixa mais desinteressante. Sempre fui ávida leitora, inclusive nos momentos de crise. Mas esse ano não consegui. Não dou conta, fico achando tudo chato. Acho que as redes sociais me deixaram meio burra. Na abertura do programa do Anthony Maravilhoso Bourdain ele fala uma frase que não tem saído da minha cabeça. "I'm always hungry for more".

Eu sempre fui faminta por mais. Mais conhecimento, mais informação, mais leitura. Hoje em dia continuo sentindo fome mas não sei o que fazer com ela. Tento saciá-la mas acabo achando tudo enfadonho. Não escuto mais música, não procuro por novas bandas, estou fora do mundo pop, do rock, de tudo. E aí minha fome acaba se tornando inútil, né. O que fazer com esse apetite por conhecimento se eu ando com preguiça do mundo inteiro? Do novo, do velho, de tudo. Minhas amigas leem tanto, fico me sentindo super mal porque não consigo mais conversar sobre leituras. Só sei conversar sobre seriados. E mesmo blogs e fóruns que falam de seriados são chatos pra mim.

Se tem algo que quero reencontrar ano que vem é meu antigo eu. Aquele interessante, com o apetite quase saciado. Esse eu de agora tá mondrongo demais. Gosto não.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Parabéns, hein, 2012. Tá de parabéns.

Conseguiu ser PIOR que 2008, as in o pior ano da minha vida. Aquele em que rolou paternidade, morte do pai biológico, assalto e perda de trabalho. Como você conseguiu essa façanha, caro 2012, eu não sei. Mas tá pior. Porque nada bate problema de saúde. Problema de saúde + problemas pessoais + problemas de grana, tudo num mesmo SEMESTRE, olha... CONGRATS.

A grande diferença é que depois de ter apanhado em 2008, eu fiquei calejada. Então na última desgraceira do semestre (ASSIM ESPERO) eu nem consegui chorar. E consegui, PALMAS PRA MIM, pensar que não posso pensar coisas negativas. Que tenho que manter a atitude positiva. Porque já tenho um cacete de um Voldemort, e não quero piorar e desenvolver todos os Comensais da Morte no meu corpo.

Mas de novo, parabéns, hein, 2012. Trabalhou bem.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Chega de eleições, viva!

Acabaram as eleições aqui. Ontem acabaram nos EUA. Um grande alívio para mim, que não aguento mais as pessoas vomitando suas opiniões de cientistas políticos - só que não - no Facebook.

Tenho clicado em "ocultar publicação" constantemente. Trabalhei com um dinamarquês mórmon que dava aulas de inglês. E ele, que mora no Brasil, resolveu postar diariamente muitas coisas a respeito do Romney. Parecia que o nêgo morava nos EUA. E era uma defesa com tanto fervor que eu perguntei "hey, have you moved to the US?". Resposta "no, but American presidents influence the whole world". Concordo. Mas precisa FUCKING panfletar, sendo que você é europeu e mora no Brasil? Ocultei o cara pra sempre.

Eu não manjo de política internacional. Mas eu não acredito em candidatos que se promovem através de religião. Seja aqui ou lá. De um governo de gente que coloca religião acima de tudo, eu quero distância.

E os muito politizados são quase religiosos fanáticos. Porque só eles entendem, só o que eles pensam e concluem é válido. E o resto do mundo é burro. Isso me dá coisas. Isso de "eu penso assim e estou certo porque entendo muito do assunto. Se você não conhecer mais que eu você não pode falar nada porque você é burro" é chato. E arrogante. E prepotente. Vindo de esquerdistas, direitistas ou gente muito religiosa.

Por mais que ainda esteja uma chatice a postação contra o PT / a favor do PT, pró Obama e contra Obama, pró Romney e contra Romney, a tendência é que esses assuntos resfriem gradativamente.

Até o próximo hot topic "preciso opinar de não eu morro". Espero que seja sobre Papai Noel. Ou sobre baby pandas. Não tem como achar chato alguém que só fala de baby pandas.



domingo, 4 de novembro de 2012

Sabem o que eu quero?

Ficar bem.

E não só do câncer.

Quero me sentir bem, e em paz.

E as coisas já começaram a ter outro peso. Eu sempre fui esquentada. Sempre fui uma pessoa que fica brava. Que se estressa. Que sente raiva.

Continuo sendo essa pessoa, afinal, ninguém muda de um dia pro outro.

O que mudou? Eu tenho plena consciência que isso tudo me faz mal. E que, a longo prazo, pode me trazer outro problema.

Tenho tentado mudar minhas atitudes. Meus pensamentos.

Tenho conseguido, a maior parte do tempo. Não estou brava por estar doente. Consigo pensar, com sinceridade, que poderia ser muito pior. Não tenho me irritado tanto quanto antes. Eu realmente quero ser uma pessoa melhor. Eu realmente quero me estressar somente com o que importa. Não quero tomar atitudes radicais. Não quero manter mágoa. Nem raiva.

É difícil. Mas acredito que eu tenha que tirar algo de bom de tudo isso. Vamos ver.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Cabelinho novo

A cabeleireira tirou uns 5 dedos no comprimento. Parece que deixei pra trás muitos centímetros de pontas secas e do meu passado recente. Cabelo novo, pra mim, sempre marca uma nova fase. E também tirei o desbotado cor de palha e me tornei ruiva novamente. Mas um ruivo mais fechado, pra não ficar água de salsicha quando desbotar.

Curti. :)






quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pequenos prazeres

Não ter que acordar cedo amanhã e poder ler um pouco, no silêncio de casa mas com o barulho da chuva.

Assistir "Homeland" no meio da tarde, no café Havanna, enquanto como torta de maçã com nozes.

Ir ao cabeleireiro também no meio da tarde, pra fazer aquela hidratação que comprei no Groupon. Sou pobre mas sou hidratada.

Trocar mensagens sobre a vida e sobre o nada com a Nata. Receber um email de uma das melhores amigas, que está no Canadá (mas não é a Luiza). Receber um email fofo do Caco. E outro email do amigo que mora lá longe.

Resolver celebrar o fato de que não terei que passar por quimio e não vou perder meus cabelos, deixando-os mais bonitos e modernos (quem sabe) indo àquele salão prafrentex.

Planejar viajar com meu marido. Pra Caraguá. Pra NY, um dia. Pra onde for, com ele.

Esperar com ansiedade pra ir assistir a um musical com minha mãe.

Marcar uma noite de fofocas com amigas mais do que queridas.

Decidir acalmar meu coração. Com relação ao câncer, à cirurgia, à ausência de algumas pessoas que me são caras. Hoje eu consegui isso. Pequena vitória!

Ver que apesar dos meus medos e tristezas eu consigo focar nessas pequenas coisas que fazem tão bem!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cortando o que me irrita

Já faz um tempo que eu decidi que não precisava me irritar com as redes sociais. Durante algum tempo, eu lia coisas no Twitter e Facebook, ficava indignada, achava a pessoa besta, ficava com vontade de ir lá perguntar "mas o que deu em você pra escrever essa idiotice?", etc etc etc. Aí eu parei pra pensar e vi que a besta sou eu. Se sou eu quem escolhe minha timeline, eu estava aturando babaquice por vontade própria.

Numa auto-luta pra provar que besta é tu, não eu, fui me desapegando do Twitter. Poderia dar unfollow, mas me deu preguiça - teria que dar unfollow em mais da metade das pessoas. Considerei o tanto de tempo que se perde naquele treco. E acabei desencanando. Entro ali menos de uma vez por mês, dou uma lida geral e continuo achando que o melhor é me manter afastada.

No Chorumebook (esse nome é invenção da Lilla) eu mantive a amizade com todos, mas deixei de assinar uma galera enorme. Gente que milita demais, que enche o saco com política, que escreve como se fosse dono da verdade, que posta imagens imbecis de criancinhas + auto-ajuda, que escreve coisas insinuando como é forte/guerreira/batalhadora/gente que faz/muito independente (geralmente é mulher e acho essas publicações particularmente insuportáveis), e por aí vai - a lista de coisas que eu acho idiotas é muito longa.

Basicamente eu acho que se você é foda, não precisa ficar falando. Se você é politizada, vai esfregar isso na cara das pessoas em fóruns de gente que gosta de falar de política o tempo todo. Se você curte militar sobre esquerda/direita/feminismo/cotas/etc - cara, muito legal que você seja assim, engajado. Mas falar disso o tempo todo é chato, então eu não te assino mais. Se você se acha a mulher mais independente e batalhadora do mundo, eu até acredito que você seja, mas não enche o meu saco com isso. Tenho uma amiga (não leitora desse blog) que toda semana listava as milhares de coisas que ela tinha feito no dia e terminava com "vamo que vamo!" ou coisas do tipo. Eu admiro demais essa amiga. Mas sério, precisa anunciar o que faz ou deixa de fazer?

Como eu detesto cagar regra em rede social e acho que todo mundo tem liberdade pra falar o que quiser - se eu acho que é merda, quem tem que se retirar sou eu. Por que senão fica aquele ciclo "pessoas falam merda - pessoas reclamam das merdas - pessoas cagam regras - pessoas falam que falam o que quiserem". Aí piora tudo. Então eu não fico resmungando muito (só às vezes) e deixo de assinar.

Se fazendo isso eu ainda fiquei irritada com a eleição e o maniqueísmo louco PT versus PSDB, imaginem se eu não tivesse feito a limpa.

E essa postura estou tentando levar pra vida, sabem? Redes sociais não são pra dar trabalho. Amizades não são pra dar trabalho, são pra facilitar, tornar tudo mais bonito. Não é? Então basicamente é isso. Encheu meus pacovás de alguma maneira, eu vou deixando pra lá. É a desassinatura da vida real.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Aprendendo com meu cunhado de 13 anos

Meu pequeno cunhado me manda uma mensagem por dia no email do Facebook. Cada dia algo diferente:

"Como vc tá? :)"
"Manda notícias"
"Amo vc!"
"Nós aqui amamos vcs, manda noticias, ta?"

Não tenho nem palavras pra descrever o quanto eu acho essa atitude dele fofa. E é uma atitude simples, né? Super simples. Porque não há motivo para complicar algo que EU estou tentando não complicar (consigo não complicar a maior parte do tempo, mas alguns dias são difíceis).

13 anos, minha gente. 13 anos.

(E podem me chamar de exagerada, mas sinto que essa fase de doença/cirurgia/recuperação será uma divisora de águas)


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mickeyday

Um aluno falando os dias da semana:

Monday, Tuesday, Waldisney...

Falei para ele o correto. Wednesday. Mas agora ele usa Waldisney pra associar que quarta-feira é Wednesday.

Um outro, pra lembrar a pronúncia de Russia, ficou falando "Luxemburgo".

E um outro, pra dizer que tinha entendido a expressão "piece of cake" falou "ah, tipo em português, mamão com chuchu". Ele quis dizer "mamão com açúcar".

Por coisas assim é que eu digo que aulas podem ser bem divertidas.

E bom Waldisney pra vocês!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Reações

Nessa história do meu Voldemort, tem sido difícil entender as pessoas e suas reações. Eu não tenho um chefe, eu tenho vários alunos. Que precisam ser avisados que em dezembro não darei aulas. E que precisam saber da verdade porque essa é a maneira que escolhi em lidar com minha situação. Peito aberto. Eu não espero lágrimas nem abraços - não corro risco e não tenho esses alunos há muito tempo, então nenhuma reação muito exacerbada seria justificada. Mas um "sinto muito" eu acho que cai bem. Um trio de alunos não conseguiu ter reação. Eles congelaram e não falaram nada. NADA. Pensem na minha situação. Estou dando notícias de saúde e as pessoas não falam nada.

Também é difícil quando as pessoas falam em tom de "não é nada". "É só tirar e fica tudo bem". Pois se é assim simples, vamos trocar de lugar? Por acaso eu curto minha tireoide, ela funciona. Não queria ter que tirá-la nem ter que tomar hormônio pro resto da vida. Tenho medo de cirurgia. E por mais simples que esse tipo de câncer seja, ainda assim, é câncer. Se fosse coisa boa, chamaria sundae com marshmellow, não câncer de tireoide. Então respeite minha tristeza, respeite meu medo e não fale como se não fosse nada. Se não fosse, eu estaria saudável, e não com cirurgia quase marcada.

Outra coisa difícil é amigo próximo que reage de uma maneira completamente inesperada. In a bad way. Você espera reações ruins de todo mundo, menos de amigos próximos. Eu acho uma reação ruim um amigo próximo não me ligar, nem responder email, nem mandar mensagem. Porque é uma questão de se colocar no meu lugar. E eu espero que meus amigos próximos consigam fazer isso. São amigos. Próximos. 

Fico pensando que tudo isso pode ser porque é difícil mesmo lidar com essa doença. Existem, ainda, muitos preconceitos e mitos e medos. As pessoas ainda associam câncer com morte. E eu estou desgastada porque estou tentando entender as pessoas e aceitar suas reações. Ou a falta delas. Talvez elas não saibam como lidar com isso. O que falar, afinal? Muitos acham que um "sinto muito" não faz diferença, mas faz. um "porra, que merda" vale também. 
 
Mas no meio de todo esse desgaste emocional, tenho dito repetidamente o quanto tenho a sorte de ter família e amigos por perto. Recebi visitas, ligações, mensagens, abraços, emails lindos lindos. Todos me dando força. Todos me mandando boas vibrações. Parece bobagem, parece frescura, mas isso faz diferença. O coração fica quentinho, o dia fica melhor. Quero deixar isso bem registrado aqui pra eu não parecer ingrata. Porque no final, o que vai importar mesmo é isso: quem ficar ao meu lado. 

Ah! Obrigada a quem comentou o post anterior. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Meu Voldemort pessoal

Não me lembro o motivo, mas no mundo de Harry Potter os bruxos e bruxas não falavam o nome do Voldemort. Chamavam o malvadão de "Aquele que não pode ser nomeado". Aí chegou Harry, que bateu seu pau juvenil na mesa e disse "Tão pensando que o bruxão é bagunça? Vamos chamá-lo pelo nome sim, não vamos dar a ele ainda mais poder".

Por muitos anos foi assim com o câncer. As pessoas não mencionavam o nome, chamavam de "aquela doença". Anos de avanço na medicina e já se fala o nome, mas ele ainda é cercado de tabus. Câncer, infelizmente, ainda é associado a morte. Falar que você tem câncer quase que automaticamente te sentencia a um ser moribundo.

É uma doença assustadora. Eu entendo as pessoas não quererem falar a respeito. Entendo mesmo. Mas desde que eu confirmei, essa semana, que tenho câncer na tireoide, eu parei de chamar de "nódulo maligno" e chamei de câncer mesmo.

É o que é. É esse o nome. É esse o meu Voldemort pessoal e eu não vou dar a ele mais poder que ele já tem. E tenho tentado falar a respeito o mais abertamente e diretamente possível.

Não corro risco de vida e a cura, em casos como o meu, chega a 100%. Estou confiante.

E triste. E é direito meu estar triste e preocupada. Vou fazer cirurgia, minha vida vai mudar. Mas quando o médico confirmou, não foi uma sentença de morte, longe disso. Foi a certeza de que vou travar uma pequena batalha contra algo ruim no meu corpo. E vou ficar boa.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pô, tia Marian!

Adoro, simplesmente adoro Marian Keyes. Você lê sabendo que o bem vence o mal e o cara além de gato é incrível, mas ela tem um lado mezzo dark mezzo profundinho (inho) que me agrada. Já li vários dela e costumo me surpreender um pouco com os panos de fundo que ela cria para algumas histórias. No mais, nada como um bom chick lit pra nos libertar, ainda que na imaginação apenas, da dura realidade.

Sexta passada fiz questão de comprar um livro dela. O sofrimento da personagem provavelmente viria do amor ou do rehab ou da gravidez e não teria como eu ficar pensando sobre a minha vida por identificação.

Ontem estava insone e fiquei lendo, até chegar na parte em que uma das personagens percebe um calombo no pescoço. Desgraça alert! Como de costume, já que não leio livro nenhum linearmente, pulei páginas, li, pulei mais páginas, li, li o último capítulo. BAM! Era aquilo mesmo. Aquilo as in aquilo no qual eu estava tentando não pensar.

Nem Marian Keyes tá me ajudando. Pô, tia!

domingo, 14 de outubro de 2012

Forte?

Ainda não sei o que vem pela frente, só sei que será difícil. Quando eu passei por todo aquele drama da vida real do meu pai biológico, um ex me disse que eu era a segunda pessoa mais forte do mundo, perdendo apenas para Chuck Norris - ou alguma bobagem parecida.
Essa semana, quando eu soube, ouvi de 3 amigas diferentes: você é forte, é guerreira e vai superar. E também "Deus não manda pra gente fardo maior do que podemos carregar".
E eu penso: e se eu não for forte? E se eu não for essa força toda e, justamente por não ser, eu esteja assim? E se tudo isso for sim, um fardo maior do que eu posso carregar?
É difícil pensar assim, que sou forte e aguento tudo. Parece que tenho obrigação de estar sempre em posição de alerta, de "vou sacudir a poeira e dar a volta por cima". Mas não é assim.
E Deus, né. Esse grande fanfarrão. Mandou um fardo tão grande há quatro anos que estou aqui, sofrendo algumas consequências daquele peso todo, daquele fardo pesado, de ter sido tão forte.
Antes eu tivesse fraquejado um pouco.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Antes que eu escreva o que vim aqui escrever, quero deixar claro que eu não entendo de política, não voto pensando em estratégia da puta que pariu e não sou nem de esquerda e nem de direita - porque não quero, não vejo sentido e acho que quando a gente assume que é isso ou aquilo acaba ficando cega pros erros de seu próprio lado.

Enfim.

Não se ofendam pessoas.

Eu fiquei um pouco emocionada com a perda do Russomano. Eu estava com medo dele ganhar - porque ele é um senhor falastrão e sensacionalista e porque ele era apadrinhado pela IURD. E eu me cago de medo da IURD ter mais poder que já tem. Fico pra morrer quando penso que no Congresso existe uma bancada evangélica - num Estado supostamente laico.

O Russomano esta liderando e eu sofri com aquilo. Eu amo São Paulo. Acho uma cidade do caralho com um potencial absurdo. Não conseguia ver esse cara considerando o potencial que minha cidade tem. Via ele sendo uma marionete de um pastor megalomaníaco que quer controlar o país. E isso, como eu disse, num Estado supostamente laico.

A perda de Russão me deu um certo ânimo. De que é possível mudar as coisas. O fato de nenhum candidato circense a vereador ter ganhado me deixou feliz também. O segundo turno está difícil. Haddad, nhé. Serra, nhé. Não, eu não sou petista, acho que o PT fez muita merda, o governo da Marta Suplicy foi ruim. Mas o fato d'eu não ser petista não quer dizer que eu seja, sei lá, defensora do DEM.

Eu só queria, pra minha São Paulo, um governo que seguisse um meio-termo. Mas é pedir demais, né? Vamos com calma. Só o fato do Russomano ter caído já é motivo de muita alegria.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

What the hell happened to doctors?

Meu endocrinologista parece uma versão mais cabeluda do Gabeira. Inclusive quanto a parecer estar fumado, sempre. Minha dermatologista tentou deixar os efeitos da Isotretinoína (o famoso Roacutan) mais leves. Fui fazer um exame outro dia em que o médico quase estuprou meu pescoço porque não esperou a anestesia fazer efeito e enfiou uma agulhona na minha tireoide a seco - fiquei dois dias sentindo muita dor. O endocrinologista falou na maior naturalidade do mundo que "se tiver problema, é só tirar". Eu não vejo cirurgia como algo tranquilo, amigão. O médico carniceiro fio de u'a égua que machucou meu pescoço fez pouco caso da minha dor e disse "é como uma injeção, ué, nunca tomou injeção?".

God bless meu equilíbrio (cof cof).

Porque eu me segurei pra não responder "seu desgraçado irresponsável, eu tomo vacina pra rinite toda semana, então tomo injeção toda semana. E SOU EU QUEM APLICA AQUELA MERDA. E não tenho medo de seringa nem de agulha! Então pique o seu furingo e veja se é só uma injeção".

Sério, eu quis muito falar isso. Não falei porque sou equilibrada - HAHAHAHA, mentira, não falei porque estava quase sem voz e sentindo uma dor infernal. Mas estou há 3 dias desejando a esse médico uma consulta bastante dolorida em algum proctologista que fale "é igual fio terra, nunca fez fio terra????".




terça-feira, 2 de outubro de 2012

Cansada de opinião

Eu escrevo pouco aqui porque tenho essa coisa de que se não for pra escrever um texto, estilo redação-começo-meio-e-fim, então nem vale a pena começar. Estava pensando nisso hoje de manhã, como eu deixo de escrever por prazer porque me imponho uma regra bastante ridícula. E daí se eu escrever só um parágrafo, uma linha, um pensamento solto? Quem vai se importar? E daí se eu não elaborar direito o que estou pensando e tudo parecer apenas pensamento jogado?

É bom soltar os pensamentos. Pra uma pessoa obsessiva como eu, livrar-se de pensamentos é uma maravilha. Pensou, soltou, não fica "psicada" com aquilo - ou pelo menos consegue "psicar" mesmo. Tem tanta coisa em que eu penso, decido escrever a respeito, elaboro e deixo de postar por:

a) falta de tempo
b) preguiça
c) falta de um final pro meu texto
d) todas as anteriores

Tem também o fato d'eu estar com preguiça de opiniões. Porque tudo na internerd se parece com um comício de uma pessoa só. Negada pega seu banquinho, sobe nele, grita e fala o que quer. Se fosse uma pessoa só, beleza. Mas todos fazem isso. Pior: EU faço isso às vezes. Tô lá com meu banquinho dando a minha opinião não solicitada, ao lado de outras pessoas fazendo comício ali na Rua da Conexão Banda Larga, e, no final, acho que a internet fica parecida com época de eleição. Onde tem político, cavalete e gente falando em todo canto.

E poxa, longe de mim achar que opinião não se dá. Tem que dar opinião sim. Mas precisa militar tanto? É isso que me tira do sério. Não são as opiniões que me cansam, é a militância. Não, minto, as opiniões também. Mas principalmente a militância. E as pessoas monotemáticas. Curte política, só fala disso. É feminista, só fala disso. Não pode variar?

As pessoas dão opiniões e militam e parece que começam a ver o mundo só em preto e branco. É isso ou é aquilo. Ninguém quer conversar, só quer vomitar o que pensa. Sabem? Enche o saco.








segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A malhação faz bem ao coração e o corpo fica igual um violão*

Comecei academia. Finalmente. Escolhi a que tem melhor custo-benefício: Smart Fit. Aparelhos novíssimos e preço pra lá de camarada. Não há aulas, você só vai lá, corre, levanta pesos, corre de novo, alonga e é isso aí. Mas meus horários são complicados e a maioria das academias faz aulas bacanas nos horários em que eu estou dando aulas - a não ser Bio Ritmo, Runner e afins (e pagar mais de 100 reais em academia não vai estar estando rolando).

Comecei direito, já decorei a minha sequência de exercícios e ainda não senti vontade de sair correndo gritando que Jesus voltou e ele não ama supino ou leg press. Também, pudera: comecei há apenas uma semana. Garanto, no entanto, que se fosse em outros tempos eu já estaria chorando lágrimas de sangue e achando tudo horroroso. Consigo até ver graça em algumas coisas. A que eu acho mais legal são os gordinhos esforçados querendo emagrecer. Acho bem legal, de verdade.

Agora, querem saber o que não é legal? Gente bem acima do peso que vai malhar de short curto e atochado, top e barriguinha de fora. Hoje li um texto no 2Beauty em que a Marina falava que não é obrigada a ver desfile de pastel enquanto faz abdominal. Eu concordo - leggings justas demais evidenciando a pata de camelo não é bacana. Mas o que dizer de barrigas de fora? Tenho implicância.

Antes que me digam que sou escrota porque não curto barriga de gordinho de fora, digo: não curto barriga nenhuma de fora. Barrigona porque é feio. É, é feio sim. E barriga malhada porque me dá aquela leve inveja do abdômen que dificilmente terei. E acho que a verdade mesmo, aquela VDD VDDR é que eu acho barriga de fora - gorda ou magra - algo bem cafona. Nem quando eu atingir o nível fitness master plus eu sairei na rua da cidade grande de barrigucha de fora.



* Falando em cafona, não tenho conseguido evitar os títulos dos posts com referências a músicas bregas. Deve ser fase, logo logo passa.




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Alguns anos em um mês

Agosto foi de gosto e de desgosto. Foi de crises e de soluções para crises. Foi de correr atrás loucamente e de ficar em casa, prostrada, triste. Ou doente. Foi de preocupação e de celebração e certo alívio. De questionamentos e certezas. De dúvidas e reafirmações. De muito choro e algumas conquistas. De medo, muito medo, de perder a vida que conquistei. Mas, ao mesmo tempo, de conseguir ter absoluta certeza de que é essa a vida que eu amo e quero pra mim. Foi mês de ter certeza, mais uma vez, que eu tenho amigos e amigas incríveis. Mas também de ver que alguns amigos não são tão empáticos como eu achava que fossem. E tudo bem, é a vida. É assim. Agosto foi de ter a comprovação por A+B que minha relação com minha mãe melhorou e todas aquelas coisas do passado foram superadas. Foi d'eu me sentir filha, sentir que tenho colo, que tenho pra onde correr. Foi mês de me sentir sozinha às vezes, mas me sentir amparada bem, bem mais vezes. Foi de ficar em casa, mas foi de sair pra dançar, numa date night de "namorados" que foi incrível, por diversos motivos. Foi de abraços e emails de amigos e apoio.

Foi um dos meses mais intensos da minha vida. Tudo desmoronou num dia para ser reconstruído, pouco a pouco, um dia depois. Estamos no dia 29. Já é quase setembro. E, embora eu queira que tudo dê uma desacelerada, pois é muito difícil acompanhar o ritmo dos acontecimentos; eu não deixo de me impressionar com os rumos e mudanças da vida.

Eu sou resiliente. Posso ser chata, intolerante, impaciente. Posso ter muitos defeitos e muitas qualidades. Mas, com certeza, o adjetivo que me define é esse: resiliente.

'Bora pra setembro.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Há uma nuvem de lágrimas sobre os meus olhos

Universo, já que você resolveu transformar 2012 nesse ano tão desagradável, que tal secar minhas lágrimas? Hein? Porque olhe, eu estou chata. É muito mimimi pruma pessoa só. Podemos entrar nesse acordo, então? Você fica aí, planejando seu grande Plano - no qual eu NÃO ganhar dinheiro e NÃO ser feliz com trabalho fazem parte de algo maior, tipo a não extinção dos pandas ou algo assim - e eu fico aqui, sem conseguir chorar.

Fechou.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Como é que uma coisa assim machuca tanto? Toma conta de todo o meu ser...

Dor de estômago. Que peste. Dois dias seguidos sentindo dor o dia inteiro e tudo o que quero é deitar embaixo da pia da cozinha em posição fetal, lamentando a vida e o universo.

Depois dos 31 foi só ladeira abaixo. Com 33 anos sinto todo o peso do meu sedentarismo. Não aguento mais ficar acordada até muito tarde. Começo a sentir sono bem antes do o meu normal, que é ser notívaga. Meu corpo fica dolorido, tenho dores constantes na lombar, dores nas costas, não tenho mais fôlego e morro só de correr um quarteirão. Fui ao vascular ontem e ele quase me deu um pescotapa quando eu disse que não pratico nenhum exercício.

Sempre fui sedentária. O que mudou? A droga da idade. E agora terei que entrar naquele lance de "vou pra academia por questão de saúde" de maneira séria. Vou usar essa frase e REALLY mean it. Nem consigo lembrar de quantas vezes entrei na academia, frequentei por um mês e larguei de mão. Estava aqui numa nice, numa fase de "o importante é o auto-conhecimento, eu SEI que academia comigo não rola". Auto-conhecimento aos 33 anos que não serve de nada.

Posso fazer dança? Posso. Mas preciso de mais.

Minha mãe corre a São Silvestre. Vai de bicicleta pro trabalho. Minha família toda é geração saúde. Até meu irmão! Ovelha negra da família nervoso aqui, hein.

Tudo isso pra dizer que pretendo fazer algum diário de exercícios aqui, pra me manter comprometida. Eu poderia abrir outro blog, mas ai, que preguicinha. Devo começar o fitness no mês que vem, porque primeiro preciso melhorar desse início de gastrite.

Se vocês me ajudarem no encorajamento eu prometo dedicar meu discurso de MISS DA LAJE 2012 a vocês, que leem meu blog. <3

segunda-feira, 2 de julho de 2012

ClasseCgram

Uma coisa da qual eu tenho quase pavor é cabelo do alheio. Cabelo desconhecido. Porque eu não sei qual é a frequência de lavagem de cabelos da pessoa. Conheço gente que faz escova nos cabelos no sábado e só volta a lavar dali uma semana, pra fazer outra escova. Como é possível conviver com cheiro de couro cabeludo oleoso jamais entenderei. Não sei o que é pior. Cabelo sujo, cabelo seco estilo cabelo de milho ou cabelo cremoso, daqueles molhados que pingam Kolene. É páreo duro.

Infelizmente sou lembrada sobre essa minha implicância diariamente. Usuária de transportes públicos que sou, sou vítima constante de cabelos alheios perto de mim. Linha amarela do metrô em horário de pico, já viram? E a transferência da Linha Verde pra Amarela, ali na Consolação, às 18:30? Só digo que é um festival de piolheiras e de suor evaporado no ar que olhem, nem consigo descrever. Já cheguei a sair da Linha Verde na Paulista, andar até a entrada da Amarela na Consolação e pagar a entrada de novo só pra evitar aquele corredor gigantesco lotado de gente andando a 1 por hora. É desesperador.

(E se eu tiver que explicar aqui que não estou reclamando de condição social de ninguém, que não estou dizendo que quem usa metrô tem piolho, enfim, se eu tiver que explicar QUALQUER porra que eu escrever, bem, eu não vou explicar nada, só vou xingar. Vão lá patrulhar outra pessoa)

O problema maior é que o contato capilar poderia ser evitado. Poderia. Se as pessoas entendessem que as barras verticais pra gente se segurar não são um encosto, nem um travesseiro, nem um consolo pra você abraçar e recordar o fim-de-semana no Motel Calypso. Fico impressionada como as pessoas perdem o senso de que outras pessoas também precisam se segurar. Fica super complicado ter algum ponto de segurança quando pra cima tem uma cabeça cheia de cabelos encostada na barra. E pra baixo tem algo parecido com isso:


DIFÍCIL

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Eu só peço a Deus...

A arte de disfarçar orgulho ferido com simpatia. Não é fácil, sabem. Eu finjo que o orgulho não está lá feridinho, macambúzio, mas ele está. E aí quando eu me lembro, eu choro. Pra dentro, pra ninguém ver. Pra fora, no colo do meu marido. Eu não sei se as coisas estão bem, se estão mal, se estão. Eu só peço a Deus um pouco de estabilidade, pois tenho 33 e não conheço planejamento financeiro a médio e longo prazo. Era isso que Cássia Eller teria cantado se fosse eu.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Stella Piatã

Nesse fim-de-semana fui ao casamento de um casal de amigos. Casamento em Salvador. Bahia, minha tão amada Bahia. No aeroporto, meu marido encontrou, por acaso, um colega de trabalho. "Onde vocês vão ficar?", perguntou o rapaz. "Vamos ficar em Stella Maris, ali perto da praia do Flamengo. Mas o casamento é em Piatã, perto de Itapuã".

Eu conheço a Bahia. Já passei férias em Salvador, conheço um pouco a cidade.

Guardem essa informação.

Chegando em Salvador, fomos procurar um táxi. "Pra onde estão indo?". Eu respondi, toda animada. Dei pontos de referência. Chegando no bairro que indiquei, nada de acharmos a rua. Nada de acharmos o condomínio onde ficaríamos. Saquei meu celular com GPS, coloquei o endereço e a resposta veio:

Você está a 6 quilômetros do local.

Ah, fiquei emputecida com o taxista. Caramba, se não sabe onde fica, custa avisar? Eu teria pego meu GPS, teria visto o caminho certinho. Não reclamei muito, afinal, se ele decidisse largar a gente no meio da avenida à uma da manhã a coisa ficaria perigosa. Mas PÔXA, era só ter avisado que não sabia. Fui dando as coordenadas. E enquanto eu dava as coordenadas, a ficha foi caindo.

Eu falei que iríamos para Piatã. Não para Stella Maris. Sei lá por que, meu cérebro deu tilt e eu troquei as bolas. Isso porque eu conheço um pouco Salvador e tinha como ter percebido que aquela Stella Maris estava ficando longe demais do aeroporto. Avisei meu marido da minha chucrice. Mas avisei em inglês, pro taxista não entender. Feio, eu sei. Mas repito: e se ele ficasse puto e decidisse largar a gente no meio do nada, em Salvador? Lá não é como aqui, que tem táxi em todo lugar.

Chegamos ao local, 8 quilômetros mais tarde. O taxímetro marcando um valor bem mais alto que o previsto. Taxista diz que vai dar desconto. Eu pago a corrida integral. E falo "imagine, acho que me passaram o bairro errado, deve ter sido isso".

Piatã. Stella Maris. É tudo a mesma coisa! Só que não.

CLARO que ouvi tiração de sarro sobre isso o fim-de-semana todo. Mas eu mereci. Eu admito, eu mereci.

Fiquem agora com uma foto da praia de Stella Maris, ontem. Pra trazer um pouco de sol a esse dia feio.

terça-feira, 12 de junho de 2012

love, love, love


Foi esse o combinado: que ele faria o jantar. Tem mesa posta, cartão lindo, jantar gostoso e coração quentinho cheio de amor.

Muito amor pra todos nós!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Totalmente demais

Eu sou uma "overthinker". Sempre fui. Penso demais, analiso demais e, como consequência, sofro por antecipação. Também me cobro demais, me açoito demais e me confundo demais. Tenho pensado muito em mim e nas coisas que faço, na maneira como eu ajo. Não que eu não fizesse isso antes, mas parece que agora a coisa está indo fundo. E reabrindo umas feridinhas que estavam lá, quietas.

Uma vez eu estava cantando perto de uma amiga que é cantora. Ou era, não sei. E ela me disse "nossa, como você canta mal! Ainda bem que não depende disso pra viver!". E em vez de mandá-la tomar no cu, em vez de responder, em vez de continuar cantando e nem ligar - afinal, eu canto por diversão - eu simplesmente parei de cantar na frente dos outros. Por anos. Morria de vergonha. Até que deixei de ter vergonha e comecei a cantar, bêbada, em karaokês. Hoje em dia consigo cantar sóbria na frente do meu marido - que é ótimo cantor mas não reprime minha inabilidade pra cantoria.

Essa sou eu. Eu aprendi, com os anos, a tocar o foda-se e relaxar. Mas só até a página 5. Passando dessa parte do livro, eu não toco o foda-se. Eu não toco nada. Eu só analiso demais, penso demais e fico achando que eu não vou conseguir, que eu não vou dar conta, que eu não sou boa o suficiente. E eu queria ter a atitude da maioria das pessoas, de simplesmente se darem um tempo, se permitirem, relaxarem. Tocarem o foda-se, no bom sentido.

Eu sou corajosa e eu enfrento as coisas. Eu meto as caras, eu tento. Isso eu posso dizer com certeza. Mas com algumas coisas eu passo da página 5. Com outras, é mais difícil.

Hoje estou na página 7. Vamos ver até onde chegarei.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Glee com spoilers

Em esclarecimento:

Sim, eu ainda assisto Glee.

Depois desse longo esclarecimento, um aviso:

Post com spoilers.

Glee é aquela coisa: roteiros sem sentido e sem coesão que só estão lá pra apoiar causas como direitos dos gays (apoiado!), não à violência feminina (apoiado!), direito das pessoas em serem diferentes (apoiado!) e direito da Sue Sylvester em ser escrota (apoiada!) e direito da Rachel em ser insuportável e ter um destaque desnecessário (não apoiada!).

Ryan Murphy tá cagando pra coesão. E ele simplesmente se esquece de alguns personagens. Tipo a Tina, que tá lá desde o comecinho mas tem quase tanta fala quanto o pianista mudo. Achei que a fia fosse compensar a passividade no episódio em que ela se revolta, mas a cremosa deu cinco minutos de show de perereca e logo depois estava puxando o saco da Rachel. Não serve nem pra dar chilique, merece bem o papel de elenco de apoio, junto com as cheerleaders que aparecem do nada sabendo toda a coreografia e depois são esquecidas.

O drama da Quinn foi patético. O Bob Marley de Cristo foi lá dar uma força na fisioterapia e eles ficaram lá, de gracejos. Aí ela voltou a andar e se levantou da cadeira no meio do show de formatura. Reação das pessoas: UAU. Só! Gente, a nega tava sem andar há meses, como assim vocês não invadem o palco, jogam ela pro alto, fazem uma ciranda em volta dela? Gente sem graça. Pois bem. Ela ficou lá de teretetê com o Bob em Cristo mas no último episódio vai dar mole pro Puck porque, segundo a lógica Ryanmurphyniana, basta ela dar uns beijinho no moço pra ele ganhar auto-confiança e fazer a prova final e passar. Ryan, provando que entende tanto de mulher quanto entende de periquita, ou seja: nada. A fia vai lá, dá uma bitoca no Puck e no dia seguinte ele vai todo pimpão fazer a prova e passa. Mas e o Bob de Jesus? Coitado...

Mas o que me tirou do sério foi Rachel e Finn. TRÊS temporadas no chove não molha do amor da vida inteiro. Eu te amo, você me ama, bla bla bla. Ele pede ela em casamento, ela aceita. O casamento não rola porque Quinn sofre o acidente. Aí tem todo aquele drama dela passar pra escola da Broadway e o Finn não saber nem o que quer pedir pra janta. Ele decide que quer ser ator. AHAHAHAH! Ela passa, ele não. ORLY? Ela tem que ir pra NY, e ele começa a amarelar: não pode ir, não tem como, ai, ninguém honrou meu pai herói, meu cu de azul.

O resultado: ele leva ela pra estação de trem, quando ela acha que eles estão indo casar. E tá a trupe toda lá, pra dar tchau pra Rachel e se livrar daquela chatice. E aí eles têm aquele papo babaca de "eu te amo tanto que estou deixando vocë ir". Ah, mas eu te amo. Estamos terminando? Não acredito! Então Finn revela que se alistou! Sem a moça saber! E ela parte, com todos dando adeus na plataforma, e termina o seriado com a nega andando por NY com aquela cara de coxinha deslumbrada.

Cara, eu acompanhei a série toda. Achei ridículo. Como assim, um correu atrás do outro por anos, e agora vem essa de "siga seu sonho, você é uma estrela"? Como assim o cara se alista no fucking exército e não conta pra ela? Como ela vai embora mesmo assim, sendo que Finn era o amor da vida dela? Deem um jeito, ele vai pra NY, lava pratos, arruma emprego, tenta um community college, sei lá. Mas não me venham com essa baboseira.

Conclusão: Finn, babaca. Rachel, babaca. Ryan Murphy: babaca. Eu: maior babaca de todas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Your meeting request has been confirmed

Estou saindo pro trabalho. Entro só às 14h, mas preciso chegar um pouco mais cedo pra ler umas coisas. Hoje é a primeira vez que tenho uma reunião sozinha - quer dizer, eu e mais o moço que entende de programação e da parte técnica dos produtos da empresa. Quando eu digo "sozinha" é sem as chefes. Parece a maior coisa banal, a maior bobagem, eu sei. Mas eu nunca fiz reuniões. Participei de muitas - mas quem é professor de inglês vai saber que uma reunião de professores é beeeem diferente de uma reunião corporativa. Ontem eu aprendi a marcar reunião pelo Outlook - sim, esse é meu nível de desconhecimento do mundo coxinha. Hoje, primeira reunião sozinha. Aos poucos, bem aos poucos, a coisa vai entrando em minha cabeça. Ninguém disse que seria fácil e nem que eu pegaria tudo em um mês. Não é só o trabalho, é tudo. É o mundo de empresas, os processos, todas as hierarquias. TUDO isso é novo pra mim. Mas hoje em dia eu me sinto menos perdida, consigo ver um futuro, um caminho. E, mais importante, eu gosto da novidade, gosto de aprender coisas novas e gosto do que estou fazendo. Gosto mesmo.

Estou fazendo alguns cursos online. A moça que ministra o curso que estou fazendo é muito simpática, então fui procurá-la no Facebook só pra saber um pouco mais. E ela tem uma foto com Anthony Bourdain. Anthony Fucking Bourdain, as in Anthony, eu te amo. A moça, obviamente, ganhou meu coração.

Então fiz aquela associação besta, inútil e reconfortante. Poxa, a moça fodona do curso online, que nem me conhece, nunca vai me conhecer, gosta de Tony. Tenho algo em comum com uma moça super coxinha. É, acho que vai dar tudo certo! ;)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O gererê gererê do LSD

Dois malucos doidões com a cabeça cheia de droguinhas entabulam algo que se assemelha a uma conversa. Importante: eles não são brasileiros, mas para fins de tradução e acuidade fiz todo um trabalho de adaptação a nossas gírias:

Maluco 1: Véi, sabe o que é loko? Ser presidente. Piração, maluco, tu manda geral.
Maluco 2: Pódicrê...
M1: Tipo o Obama. Maluco, o cara é irado. Mó negão da hora, véééééi.
M2: Só... Mas desses caras aí do poder eu curto mesmo é o Abraham. Doido!
M1: Abraham Lincoln? Porra, o véi era foda paracarai. Não tinha folga com ele não, véi, maluco metia o louco e ele já lançava o papo reto.
M2: Pódicrê.
M1: Mas quer saber o que é mais dá hora que presidente, maluco? Caçador de vampiro!
M2: Noooooossa véi, só, pódicrê, os cara sai enfiando as cruz em tudo que é filhote de Batman.
M1: Foooda. Mano. MANO. Tive uma ideia puta foda agora, maluco. Vééééi, genial.
M2: Diz aí.
M1: Véi: e se o Abrahanzão fosse um caçador de vampiros? Imagina só os loco correno do véio de dia, de noite, e ele lá, só com o crucifixo no peitão, mandando geral pro céu dos vampiro.
M2: Caraaaaaaaaaaaaaaaaaio maluco, que ideia muito da hora, genial! Vamo fazer um filme?
M1: Já é, maluco mané, já é.

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Maluco 1 e Maluco 2 eram filhos de grandes produtores de Hollywood. Sedentos por qualquer ideia minimamente rentável, não importanto o quão estapafúrdia fosse. Afinal, depois de "Matadores de Vampiras Lésbicas" eles tiveram a certeza que a indústria do cinema não é feita de escrúpulos nem de coerência. Peitos, sangue, vampiros e gostosas aleatórias andando de biquíni sem contexto nenhum, talvez. Mas escrúpulos e coerência, jamais. M1 e M2 ficaram tão animados com a ideia brilhante do filme que logo mandaram um whatsapp pra seus pais. E eis que surgiu...

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sábado, 5 de maio de 2012

Eu e Celico, Celico e eu

Eu tinha um amigo bem próximo que saía sempre comigo para cinemas, exposições, festas miadas e afins. Ele era ótima companhia. Aí um dia ele começou a namorar uma moça muito ciumenta e se afastou. Ficamos uns dois anos sabendo um do outro só por Facebook e Twitter. Até que ele sumiu tanto que eu me esqueci que ele me seguia.

Por algum motivo que eu jamais conseguirei entender, a namorada dele idolatra a Carol Celico, as in Esposa do Kaká. Aquele jogador que deve passar desinfetante no corpo depois de fazer sexo. Acho que se a fia idolatrasse o Chimbinha seria mais fácil de conceber do que essa loucura toda pela esposa crente de um jogador de futebol.

Problema é que Carol Celico se acha dona da verdade, mulher sábia e conselheira. E posta suas pérolas de sabedoria em seu Twitter. Problema é que o mundo precisa de anti-psicóticos na água da torneira e a namorada do meu antes amigo retuitava as cagadinhas escritas de Carol. Problema maior ainda é que eu ficava sabendo disso não porque eu seguia a gatinha enamorada - e sim porque meu amigo, me deixando completamente estupefata e sem palavras, retuitava a porra toda. Sofreu lobotomia, o pobre.

Eu posso ter todos os tipos de amigos nessa vida, mas amigo que abandona amizades femininas porque a namorada mandou e que se deixa passar por uma lobotomia tão pesada que o faz ficar loucão retuitador de fanáticas está um pouco fora do meu campo de tolerância. Mas beleza, vamos amar. Lembram que eu esqueci que ele me seguia? Esqueci mesmo, tanto que dei uma gongadinha no retuíte dele. algo do tipo "Eu aguento muita coisa, mas retuíte de Carol Celico não dá".

O que se seguiu foi algo assustador. Ele ficou putinha e começou a me dar diretas/indiretas. Tirou sarro de coisas que eu havia escrito. Eu com aquela cara de "ma oeee? você me segue ainda???". Poxa, foi mal que eu tirei sarro da grande pensadora e filósofa Carol Celico. Mas não parou por aí. A namorada, que nunca tinha dirigido a palavra à minha linda e glamourosa pessoa, resolveu dar show de perereca no meu tuiter. Me mandou várias mensagens ofensivas e desnecessárias - algumas, inclusive, dizendo que eu não sou tão inteligente quanto eu penso (??) porque, afinal, sou o que? Professorinha de inglês? Ela é uma doutoranda em biologiquímicafísicaeastronomia! Doutoranda da USP! O gosto dela não é duvidoso porque ela é uma doutoranda uspiana!

Depois de tentar humilhar minha profissão - e eu fiquei muito puta foi com o meu ex-amigo, porque se ela sabe minha profissão e minha história de vida é porque ele contou - ela resolveu duvidar da minha crocância porque, vejam bem, eu havia tuitado sobre a Palmirinha.

Porra. Não mexam com a Palmirinha, a vovó mais linda do país.

O show de horrores terminou com esse ex amigo me mandando mensagem no MSN dizendo "você queria chamar minha atenção? Conseguiu! Mas não se preocupe, eu ainda gosto de você". OI??????????? Cortei relações com ele pra sempre, claro.

Lembrei de tudo isso porque vi uma declaração linda de Carol Celico. "Se o homem trai, é sinal de que a mulher falhou". Acho que esse é um excelente exemplo de como essa moça é uma grande mulher digna de ser idolatrada.

Em tempo: a namorada/esposa é tão alucinada por Carolzinha que fica conversando com ela no tuíter como se fosse amiga. Sabe gente que conversa com artistas como se fossem amigos? Pois é.


PS: Recebi dois comentários nesse post. Ambos disseram que fui preconceituosa nesse post. Fiquei preocupada pois não foi a minha intenção. Reli o post. Uma amiga leu. E digo: meninas, eu discordo de vocês. Não acho que nesse texto eu tenha sido ofensiva com relação aos crentes. Em momento algum eu disse que a Carol Celico é louca por ser crente ou que ela fala bobagens porque é crente. Ela fala merda porque é idiota, não por causa da religião dela. E em momento algum eu disse que a esposa do meu amigo é doida por ser crente. Ela é louca porque é louca, eu nem sei a religião dela.

A Celico fala merda sim. E usa a religião dela pra falar mais merda ainda. Eu abomino as declarações que ela faz porque elas sim, são preconceituosas. E eu sei perfeitamente que a loucura não depende de religião. Sei perfeitamente que meu ex amigo surtou. Fui eu quem sofreu com as besteiras que ele e a esposa me falaram. Eu sofri, viram? E a esposa dele fez comentários absurdamente preconceituosos. Eu não os reproduzi aqui. E nem quando estava espumando de ódio dessa história, em momento algum eu culpei a religião de quem quer que fosse.

Acho que vocês interpretaram meu texto da maneira que quiseram, o que é ok. O texto é público, os comentários idem. Eu só gostaria de pedir que relessem e me mostrassem em que parte eu fui preconceituosa - porque sério, não foi minha intenção. E em que parte eu generalizei, NÉAM?

Gente, vamos relaxar na patrulha do politicamente correto. E se eu quiser falar que fulana é cafona? E se eu quiser dizer que fulano é burro? Vocês vão vir aqui patrulhar e dizer que estou generalizando? Que chatice. Vocês não me conhecem, tudo o que sabem é o pouco que escrevo aqui. Eu acho muito chato ter que me explicar. Só o fiz porque preconceito contra religião é coisa muito séria pra mim.

Beijos!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um feriado, uma imagem, uma palavra

PREGUIÇA

Nossos óbvios são diferentes

Uma das coisas mais óbvias da vida, pra mim, é o present perfect. Ele faz todo o sentido. É fácil. Não tem como confundir com o past simple, simplesmente não tem. Isso é o que eu acho. Mas dando aulas eu descobri que ele não é esse "mamão com açúcar" (que idosa) todo pra uns 95% dos alunos. Eu posso explicar, exemplificar, desenhar linhas e mais linhas do tempo, fazer fluxograma (já fiz isso). Ele continua sendo difícil. Muitas vezes as pessoas entendem a ideia mas não conseguem usá-lo.

Esse talvez seja um dos maiores aprendizados da minha vida. Que o óbvio ululante pra mim não é óbvio ululante pra muitas pessoas. E o que é óbvio pra elas não é óbvio para mim. Eu tenho a maior dificuldade do mundo com matemática. Tenho mesmo. Aquilo não faz o menor sentido pra mim. Sempre que um aluno fica preso no lance do present perfect eu falo sobre isso, sobre a minha dificuldade com números. Que geralmente pra eles números são aquela coisa super simples mas, pra mim, são um pesadelo. Assim como aprender um idioma é um pesadelo pra eles. Mas não tem que ser, né. Nem a matemática e nem o inglês. Nem as coisas "óbvias" da vida, porque o meu óbvio é diferente do seu.

Só que às vezes é tão difícil entender as coisas óbvias alheias. Tão difícil.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Primeiros dias

No meu primeiro dia de treinamento na grande escola inglesa eu me senti muito desconfortável. Não sei explicar o motivo até hoje. No meu primeiro dia de aula do curso de férias nessa escola eu me senti desconfortável - e assim me senti o mês inteiro. Achei que fosse por causa da gerente, que é um dragão. Acabei não ficando na filial da dragão, me mandaram trabalhar na filial em outro município. Meu primeiro dia lá foi horrível. Eu tive uma crise forte de dor na lombar, a dor era quase excruciante, tive que ir pro hospital. Os meses seguiram e o desconforto continuou, como vocês bem sabem. Eu nunca senti que era lá que eu deveria ficar. Nunca senti que aquele era meu lugar. O curioso é que eu fazia algo que sei fazer, algo com o qual estou mais do que familiarizada. Ainda assim, tudo ali era desconfortável pra mim. Não me arrependi de ter saído de lá nem por um segundo. Nem quando estava sem alunos e sem dinheiro em fevereiro e março.

No meu primeiro dia no novo trabalho eu me senti perdida. E também "overwhelmed". "Overwhelming" é uma palavra bacana. Pode ser negativa ou positiva, dependendo do contexto. É aquela sensação de você estar sobrecarregada, submersa em coisas. E eu me senti assim, submersa em informações. Mas não de uma maneira negativa, longe disso. Era só muita coisa: muita mudança, muito pra memorizar, muito pra assimilar. Eu nunca trabalhei em escritório. Quer dizer, trabalhei, mas era escritório de escola de inglês, é outro esquema. Há pelo menos dez anos eu não trabalhava o dia quase todo na frente de um computador. Em silêncio. Eu trabalho, hoje em dia, com as pessoas para quem sempre dei aulas: business people. Minha abordagem em escritórios sempre foi a de uma professora de inglês - ou seja, muito mais relaxada, tranquila, dentro do meu campo de atuação. Agora eu saí do campo de atuação. Trabalho com o inglês, faço coisas que gosto muito, mas saí da minha zona de conforto - embora ainda dê aulas quando não estou no escritório.

Eu ainda estou meio perdida. Mais inteirada de tudo, mas não totalmente. Ainda não tenho autonomia nenhuma pra trabalhar. Ainda dependo de pessoas e mais pessoas pra saber o que devo fazer. Parece que numa empresa as coisas sempre dependem de outras coisas, que dependem de outras pessoas. Para alguém que trabalha praticamente sozinha há pelo menos 5 anos, é estranho não ter autonomia. Mas eu tenho paciência. Eu sei que estou no começo do começo do começo de algo que pode ser muito bom pra mim. E melhor ainda, trabalhando com meu amado idioma. E apesar de ter mudado completamente, de estar fora de minha zona de conforto, de trabalhar em escritório, de não ter autonomia, eu não me sinto nada desconfortável. Eu me sinto bem. Eu saio do trabalho todos os dias contente. Satisfeita. Pensando no que ainda vou fazer no dia seguinte, no que preciso terminar, no que aprendi naquele dia - e em todo o mundo de coisas que tenho que aprender ainda. (Chefe, tenha paciência comigo! <3)

Acho que essa á a maior prova de que eu precisava dessa mudança. E de que estou no lugar certo. Porque não há nada melhor do que trabalhar o dia todo, ficar cansada, ficar exausta, me sentir perdida - e, ainda assim, me sentir contente. Pela mudança, pela oportunidade que me foi dada, por tudo o que ainda posso viver ali. Havia muito tempo que eu não me sentia assim.

(E ei, Gata, você sabe o quanto sou agradecida a você, mas não custa repetir. Muito obrigada, amo você!)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

É preciso estar atento e forte

Às segundas e quartas eu dou uma aula às 6:45. Isso mesmo, cedo assim. E a aula é longe. São dois ônibus, um até o Terminal Lapa e outro até o local da aula. Pra ir de lá para o meu outro trabalho eu pego ônibus, trem e metrô. Quando eu pego trem e metrô são pouco mais de oito da manhã. Tudo já está absolutamente lotado. Quando o trem para na Estação Barra Funda, as pessoas saem correndo dos vagões pra conseguir chegar nas escadas rolantes antes da maior parte das pessoas que acabaram de sair do mesmo trem.

Pessoas saem correndo pra pegar a escada rolante.

Pessoas. Correndo. Pra pegar a escada rolante antes da multidão.

Eu não quero me tornar uma pessoa que corre pra pegar a escada rolante. Sei que tudo nessa cidade é pressa, trânsito, atraso. Geralmente eu estou com pressa. Mas correr pra chegar primeiro na escada rolante me parece uma medida tão mesquinha. Porque, na verdade, você chega lá na base da escada e já está lotado. Você vai ter que esperar.

Acho que esse é o principal de viver em São Paulo. Você tem que manter os olhos abertos, senão a cidade te engole e você fica assim. Correndo pra chegar na escada. Se você deixar, São Paulo te faz mesquinha.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Delícias sonoras

Hoje venho aqui para falar sobre algo muito importante: homens bonitos. Há tempos corroborei essa teoria de que homens realmente interessantes têm nomes sonoros. Recentemente fiz uma listinha mental com os homens mais musos desse nosso pequeno planeta e vi que minha teoria faz sentido. Para entender, leia o nome alto, intensificando nas maiúsculas que eu destacar. Mas não faça isso no trabalho porque senão vai ficar erótico. Vamos lá:

Muso número 1: meu marido. Eu nunca falei que essa seria uma lista para o deleite de vocês, não é? É só uma lista que prova minha teoria, que é muito bem fundamentada e não tem nada de subjetiva. Pois então, o muso número 1 é claro que é meu marido. Que tem um sobrenome bem sonoro e diferente. Quer dizer, parte dele. O final é Silva, mas o meio é meio único, nunca vi outra pessoa com esse sobrenome. Não vou colocar aqui foto do delício e nem dizer o sobrenome, não sei se ele permitiria. De qualquer maneira, tive que deixar registrado. Amor, eu te amo, tá? Não fique bravo por causa desse post! <3

Muso número 2: Michael Fassbender. Michael. FASSBENder. Percebem? Não? Então aí vão duas fotos pra vocês entenderem:


(fotos dedicadas à Gi Ruaro, que foi meio responsável por eu descobrir Michael FASSBENder)

Muso número 3: ele devia vir antes do FASSBEN pois ele foi o estopim de minha teoria, anos e anos atrás. Mas não tem como, Michael é Michael. E o terceiro lugar vai para... MATT DAmon. Desculpe, gente, é tão óbvio que nem precisa de foto. Beijos. Tá, não chorem, precisa sim.


(sorriso lindo e, além de parecer muito legal, ele ainda gravou "I'm fucking Matt Damon" com a Sarah Silverman, o que só prova que ele é mesmo muito legal. E divertido. E bonito)

Muso número 4: Ryan Gosling. Ryan GOSling. Esforcem-se, meninas. Eu sei que vocês entenderão. Precisam de ajuda, ok. Então façam duas coisas: lembrem-se dele em "The Notebook" e em "Drive". E vejam a foto:


(a escolha dessa foto é simples: ele está junto com o cachorro dele. Ele sempre anda com esse cachorro, que é todo despenteado, por NY. Aí, quando não está sendo lindo e andando com o cão, ou namorando a linda da Eva Mendes, Ryan aproveita pra apartar brigas e salvar pessoas de atropelamentos. O cara é tipo um super-herói)


Muso número 5: Matt Bomer. MATT BOMer. Até corei, porque esse nome é muito lascivo. Ele é o lindão daquele seriado "White Collar". É assumidamente gay mas não somente os heterossexuais entram nessa lista, não é mesmo? Ele tem uma beleza tão certinha que chega a assustar. Parece um príncipe da Disney.


(não sei se acho os olhos mais lindos ou se acho esse queixo quadrado mais lindo. Fico em dúvida)

Muso número 6: Alexander Skarsgärd. Não faço ideia de como pronunciar esse sobrenome sueco. Mas o nome Alexander é forte. ALEXANDER. SKRSHJSGIÄRD. Gente, coisa linda de se ver. Tá bom, vai, eu confesso. Ele é quase uma exceção à minha teoria super embasada. Mas toda regra tem sua exceção e Alexander merece estar aqui. Meu marido fala que em algumas cenas de "True Blood" ele é muito afeminado mas eu acho que isso é intriga da oposição. Alexander, você não acha?


Acho.

Um beijo às leitoras e leitores que concordam com minha teoria. Espero ter feito o dia de vocês mais bonito, mais sonoro, mais imaginativo. Beijos!

(Thiago, continue me amando, por favor)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

É assim que se começa, parabéns!

Comecei no trabalho novo/lindo na segunda-feira. Aí foi assim:

Segunda-feira: recebo uma ligação da diarista às 3 da tarde avisando que Margarida, a gata, fugiu. E conseguiu entrar no quintal da vizinha de baixo, que é uma velhinha bem fofa que tem medo de gatos. Ciça, a diarista, que tem medo de Margarida, tentou, em vão, trazer a gata de volta. Chamou os vizinhos e ninguém conseguiu pegar a bichana que não pesa mais de 5 quilos. Parece que estavam perseguindo uma lebre ou uma foca ou, sei lá, um jacaré na água. Aí tive que colocar no rosto aquele sorriso sem graça e falar pra minha chefe: "minha gata fugiu de casa e a diarista não conseguiu resgatá-la". Chefe do amor dá risada e fala "vá embora então resgatar a bicha".

Saí de lá cedo, xingando a Margarida mentalmente, puta das calças porque tive que passar por uma besteira dessas no primeiro dia de trabalho novo. Chego no prédio e, da janela da escada - que dá pro tal do quintal - eu chamei "Margarida, venha aqui já!". Ela veio. Eu puxei ela pela fresta da janela. Sem esforço algum. Pior é que consigo imaginar o banho que ela deu no pessoal daqui do prédio. Margarida é tinhosa que só ela.

Terça-feira: chego no trabalho, vejo que, no elevador, os rapazes olham pro teto mas não olham pra mim. Não que eles tenham que me olhar, mas sabe quando evitam propositalmente? Que só faltava eles assobiarem pra disfarçar que estavam evitando? Beleza. Abro a porta do escritório e cumprimento as recepcionistas com toda a simpatia do mundo. Elas olham, rindo, e falam: "os botões da sua blusa estão abertos". Uns 3 botões, minha gente. Dava pra ver todo o sutião. Vejam que os moços do elevador foram muito discretos e educados.

Então o saldo, até o momento, foi: um pedido para sair mais cedo e sutiã à mostra. Estou ou não estou de parabéns?

E, tirando esses episódios, estou feliz da minha vida. Emprego novo, área nova, vida nova. Era tudo o que eu precisava! :)


sábado, 31 de março de 2012

Pra marcar a mudança

Quando eu quero deixar algo pra trás eu mudo meus cabelos. Dessa vez eu só retoquei a raiz mesmo. Adoro a cor que ele tem atualmente assim como estou adorando ter cabelos compridos. Então não tinha como fazer uma grande mudança.

Aí, mudei o layout. Um padrão mais simples, com a Torre Eiffel como única firula e também ícone daquilo que quero conquistar nessa nova fase: 23 territórios à minha escolha e também Vladivostok. Brinks. Quero começar a conhecer o mundo e é certeza que França será um dos primeiros destinos.



(Também porque ontem uma amiga reclamou dizendo que o layout de bolinhas fica ruim de ler no Reader ou sei lá onde. Oi, Miru! Melhorou agora?)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Quando gira o mundo e alguém chega ao fundo de um ser humano*

Eu trabalhei por dois anos numa escola de idiomas presente no mundo todo. É uma escola super conceituada, super cara e muito boa. Foram dois anos muito, muito bons, fui muito feliz lá, amava meus colegas e meus alunos. Saí porque financeiramente era uma merda.

Esse ano começou muito mal, com quase nenhum aluno novo. E eu precisava de alunos novos, visto que tive que deixar todos de lado pra ir trabalhar naquela grande escola inglesa que quase me enlouqueceu. Janeiro, nada de alunos novos. Fevereiro, promessas de alunos novos. Março, as promessas desistiram.

Uma aluna nova quis fazer umas duas aulas específicas de preparação para entrevista de emprego. Disse que quando conseguisse o emprego, faria aulas comigo. Disse que o noivo dela, que é meu ex-aluno, amava as aulas comigo e me recomendou muito. E comentou que havia procurado escolas de inglês mas todas eram caras e ela havia ficado confusa com as metodologias. Calmamente eu expliquei sobre as principais, falei alguns prós e contras de cada uma e falei sobre as duas onde havia trabalhado: a internacional bacanuda e a inglesa difícil.

Semana passada recebo email dessa moça me contando que está empregada e que optou por fazer aulas na escola bacanuda. Mas que queria fazer uma ou outra aula comigo.

Eu fiquei muito decepcionada. Vejam bem, eu trabalhei nessa escola, eu conheço a metodologia, eu tenho experiência de anos com Business English, eu manjo do babado todo. E cobro mais barato que a escola. Com a vantagem de ter liberdade para usar materiais diversos, porque, obviamente, não tem como usar o material da escola. Só que isso é bom! A aula fica mais rica! Mas a pessoa prefere ter aulas na escola. E me avisa isso. Minha vida já está fodida o bastante e ainda recebo um email desnecessário.

Essa semana a moça me escreveu de novo. Está achando as aulas muito difíceis e quer que eu dê aulas de reforço na empresa onde ela trabalha. Gente. Não era mais fácil já fazer as aulas comigo de uma vez? Se o problema é o certificado que te dão no final do curso, presta um FCE da vida depois de um tempo de aulas comigo que você passa. E tem um certificado válido mundialmente. Da Cambridge University. Não vale mais a pena?

Bem, acontece que minha vida deu um giro. Mudou de uma semana pra outra. E não posso mais ir até a empresa. Posso dar uma aula de reforço por semana, de manhã. Só. Vamos ver o que ela fala. E essa história, meus amigos, é só pra mostrar um pouquinho o quanto dar aulas particulares é difícil. A competição é contra grandes instituições. As pessoas regateiam preço até não poder mais. Algumas tratam o professor como se fosse mercadoria, afinal, "eu pago".

Eu amo dar aulas. Preenche meu coração, de verdade. Mas todo o entorno é muito difícil. Toda a negociação, cobrança de pagamento, desistências, justificativas. É tudo muito, muito estressante.

Fico pensando: se muitos alunos tivessem aparecido, se essa moça tivesse optado fazer um baita curso intensivo comigo, eu teria pensado em mudar? E aceitar essa mudança?

* esse título lindo é referência ao nosso grande ídolo Juninho, Fábio Junior, grande filósofo romântico. Só usei esse trecho pois fala sobre o mundo girar e meu mundo girou, não é? A parte de chegar ao fundo de um ser humano só está lá porque, gente, que frase é essa? Incrível.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Então, né. Dia das Mulheres. I couldn't care less. Mas, é claro, muita gente me dá "feliz dia das mulheres". E o que eu faço?

Eu AGRADEÇO. De coração. Porque além de ser educada eu entendo que não é todo mundo que sabe da história do dia das mulheres. Nem todo mundo sabe o que está por trás desse dia. Tem gente que simplesmente me acha especial, acha as mulheres todas lindas e resolve dizer "Feliz dia". E tem aqueles que acham que somos belezas que iluminam seus dias e eles não seriam nada sem nós. Beleza! Eu agradeço também.

Vou ser muito sincera. Culpem o álcool. Bebi muito vinho. Tô sincerona, gente.

Então. Acho de um ranço muito chato que a mulherada fique reclamando TANTO dessa porra desse dia. Amiguinha. Amiguinha, bonita. Amiguinha, cheia de óleo na cara. Amiguinha, feia. Então. Ignore. Agradeça. Escreva em seu blog, tá ok. Mas gente do céu, essa militância toda é chata de-mais. Essa coisa de "eu fico mal-humorada porque esse dia é uma merda" é algo tão, tão desnecessário. Meus dias são geralmente legais. Não é uma data comemorativa válida ou não que vai tornar meu dia uma merda.

Sei lá, sabem. Um pouco de vida e menos internet fariam um bem gigantesco a muita gente.

No mais, repito: é feio e falta de educação mandar tomar no cu quem te deseja um bom dia.

Não, sua reclamação não vai me fazer mudar de ideia.

Ah, eu amo vinho!

terça-feira, 6 de março de 2012

Amizades adultas

Eu fiz amizades depois de adulta, muitas. E algumas dessas amizades passaram por muita coisa comigo, e eu com elas. Por anos eu botei fé que amizades feitas depois que você é adulta tendem a durar muito mais, afinal, as mudanças são menores e, teoricamente, é mais fácil lidar com adultos do que com adolescentes cheios de hormônios. Sempre considerei um grupo de amigos em especial como muito mais especiais que todos.

A verdade é que amizades adultas são difíceis. É todo um lance de desapego que, às vezes, dá mais trabalho que aquela coisa amizade de gente jovem. Você tem sua vida, a pessoa tem a vida dela, não tem como se falar sempre e muito menos se ver sempre, todo mundo trabalha muito, tem família, outros amigos, compromissos mil. O que importa é: quando vocês se veem é como se não tivesse passado tempo algum. Acho que amizade adulta é aquela coisa: você não está presente sempre mas a pessoa sabe que você está ali.

E nessas de "você não está presente sempre" eu acho que, por mais malucas que as nossas vidas sejam, há que se demonstrar um mínimo de dedicação. Carinho. Interesse. Porque as vidas já são suficientemente malucas e ocupadas, sem tempo para conversar, para sair pra uma tarde de fofocas e cervejas; então se não houver um mínimo de dedicação de ambas as partes a amizade acaba, infelizmente, arrefecendo.

Eu tenho toda essa dificuldade em entender e aceitar que algumas das amizades que eu sempre considerei muito próximas estão se perdendo com o tempo. Estão se perdendo porque a vida não dá conta, porque a pessoa não dá conta, porque a pessoa perdeu o interesse. Eu costumo insistir mas acho que insistências desse tipo têm limite. Ou há certa reciprocidade no interesse e na procura ou não tem como seguir considerando a amizade como a mesma coisa. Eu já entendi muita coisa com relação a amizades adultas. Agora só falta aceitar. Aceitar que às vezes não há nenhum motivo para haver uma "separação". Nada aconteceu, especificamente. Ou melhor, aconteceu. A vida aconteceu e ninguém se deu conta. Ou até se deu conta, mas aí já era tarde demais.

Por mais que eu sempre, sempre, sempre fique com o coração apertado toda vez que me dou conta de que as coisas são e estão muito diferentes, eu não posso fazer nada. Cada um segue a vida como quer. Cada um dá a atenção que acha que tem que dar, que pode dar, que acha suficiente. Cada um se interessa pelo que quer se interessar. Pra mim a amizade é pra sempre mas é difícil desapegar da parte do "você está sempre ali". E, no final, cada um vê a amizade de um jeito. Eu entro nas minhas crises. As pessoas nem percebem que as coisas estão diferentes. E a vida segue!




terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pati beijos

Todas aquelas fotos da gente uó que fez magistério comigo me fez lembrar de algumas histórias ma-ra-vi-lho-sas daquela época. A que contarei hoje é sobre duas Patrícias. Pati 1 e Pati 2. Pati 1 era moça fogosa. Namorou professor, vivia contando suas histórias tórridas a todos. Aliás, contar historinhas picantes era o maior passatempo das moças daquele curso. Parecia competição. Onde deu, pra quem, que posições, etc e etc. Eu era considerada excelente ouvinte nessa época. Achavam legal me contar coisas porque eu sempre escutava pacientemente sem interromper, sem competir, sem falar sobre minhas experiências. Eu era boa ouvinte pois não tinha experiências, né. 15 anos e "boca virgem", ia falar sobre o que? Tinha mais é que ouvir Pati 1 contando sobre suas aventuras calientes.

Outro passatempo das moças era dizer que ia se matar: virava e mexia alguma menina decidia se despedir de todas dizendo que ia suicidar-se porque o mundo estava ruim. No primeiro ano todas nós nos comovíamos, chorávamos, implorávamos para que a "suicida" da vez não fizesse nada de mais. No terceiro ano a coisa já era diferente. Se alguém chegasse dizendo que ia fazer algo assim ouvia-se "vá com Deus, beijos". Não era frieza não, era consciência de que a pessoa não ia fazer absolutamente nada porque todas nós sabíamos que rolava uma carência coletiva nervosa em quase todas e esse lance de se matar era só pra chamar a atenção.

Mas um dia Pati 1 resolveu que ia fazer merdinha e não avisou a ninguém. Foi pra uma sala de aula vazia, tomou Baygon e, dois minutos depois, foi levada ao posto de saúde que havia AO LADO da escola. Ela havia planejado tudo, mas esqueceu de contar com o fato de que o socorro seria quase que imediato. Lógico que todas nós ficamos abaladíssimas com o ocorrido, foi um grande susto. Mas o tempo passa. E adolescentes não têm Jesus no coração. Por isso, Pati 1 ficou conhecida como Pati Baygon até o fim do magistério.

Pati 2 era diferente. Ela não se apaixonava facilmente, não tinha aventuras amorosas e também não tinha amigos. Ela era MUITO esquisita. Isso vindo de Carrie, a Estranha, hein. Portanto ela era MESMO esquisita. Pati 2 era super engajada socialmente, usava somente moletons largos e camisetas largas e assistia às aulas sempre na mesma posição: jogando o pescocinho pro lado (vai, vai, vaaai) e com um olho aberto e o outro fechado. Quando ela se concentrava muito ela também ficava de boca completamente aberta. E quando queria participar das aulas, falava muito alto, gesticulando igual rapper. Uma palavra para Pati 2: PITORESCA.

Como eu disse, adolescentes são cruéis. Por isso, Pati 2 ficou conhecida como Pati Monga. Ela passou 3 anos sendo muito estranha e muito mal-vestida. Até que, no último ano, foi flechada pelo cupido. Apaixonou-se cegamente pelo nosso professor de Metodologia de História - que era gatinho, porém muito gay e muito namorado do outro professor de Metodologia de História. Mas Pati, ingênua, não sabia. Decidiu então que deveria partir para o ataque. Aplicou um "Esquadrão da Moda" (com sérias restrições orçamentárias e de bom senso) em si mesma e começou a vestir-se de maneira mais feminina. O que significa que ela deixou de usar roupas que pareciam um saco de batatas e começou a usar roupas que pareciam um saco de batatas acinturado e com cinto pra marcar a bordinha de muffin. Não era bonito, mas qualquer coisa era melhor do que o que ela usava antes. Pati tornou-se então Pati Fashion.


Pati 2 prestava atenção loucamente nas aulas do professor gatinho. Ou seja, ela fechava ainda mais um olho, abria ainda mais o outro, deixava a boca ainda mais aberta. Só de lembrar eu já estou rindo. Uma das minhas melhores amigas da época amava as aulas desse professor - amava AS AULAS, não o professor. Ele, por sua vez, amava as participações de minha amiga nas aulas e tratava ela como a uma amiga mesmo. A menina era genial e bacana, se eu fosse professora amaria ela também. Mas Pati, cega de paixão e ciúme, não via naquela relação algo inocente. Ela via o que queria ver: o professor dando uns tapas na bunda da minha amiga e falando "rebola mais na minha história, gostosa".

Pati decidiu vingar-se. Na época da festa junina, em que havia Correio Elegante entre as turmas, ela começou a mandar bilhetes "anônimos" para a minha amiga. Essa amiga tem olhos verdes imensos. Pati mandava bilhetes do tipo "Sua ridícula olho de azeitona verde" ou "vou furar esses seus olhões horrorosos". JU-RO. Toda vez que minha amiga recebia um bilhetinho era uma alegria. A gente ria de passar mal. Olhávamos para trás, diretamente para aquele protótipo mal-sucedido de Nazaré Tedesco, e ríamos. E minha amiga só dizia: "Ai, Patrícia, me poupe, né".

O mais legal de toda essa história das Patis é que toda vez que alguém mencionava alguma das duas, invariavelmente vinha a pergunta:

- Mas qual? A Monga ou a Baygon?

Ah, esses adolescentes cruéis...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Invasão da cafonalha

Eu fiz magistério. 4 longos anos de magistério. E não era um curso comum, era um curso especial do Governo do Estado de São Paulo, em que estudava-se em período integral. Foram 600 horas de estágio em escolas públicas. Eu poderia dizer que saí de lá com uma grande bagagem de conhecimento pedagógico mas não. Eu achava toda a teoria pedagógica o cúmulo da chatice - tanto que não aguentei a mesma teoria na Faculdade de Pedagogia e mandei um adeus para a Educação para nunca mais voltar.

Os 4 anos de magistério me deram uma ótima base para definir o que é cafona. Saí de lá expert no assunto. O motivo? Eu estudei com aproximadamente 120 mulheres, no fim dos anos 90. Mulheres de todos os bairros de São Paulo mas principalmente da periferia. Daquelas que tinham orgulho de suas origens, daquelas que fariam Regina Casé ter orgasmos múltiplos de felicidade. Elas me olhavam torto porque eu morava num bairro bom da Zona Sul. Não importava que eu morasse numa casa pequena, de aluguel, e que eu fosse tão pobre quanto elas. Porque, veja bem, eu morava no Brooklin.

Tenho muitas histórias pitorescas sobre esse tempo não tão feliz. Eu comecei o magistério sendo a mais tímida das criaturas e, no final dos 4 anos, eu já tinha essa intolerância a ceresumanos que vocês já conhecem. Ou seja, eu não fiz muitos amigos. O meu grupo de amigas não era muito popular porque éramos as que iam melhor nas matérias. Os professores gostavam da gente. E, sei lá, tínhamos todos os dentes e não usávamos Kolene. É, podem me matar por ter falado isso mas é fato.

Passei anos cercada por meninas que curtiam trocar mensagens de auto-ajuda, que gostavam de falar de Deus o tempo todo, que achavam lindo o namorado dar um coração de pelúcia escrito "Eu te amo um tantão assim". Foram anos cercada por calças semi baggy, batons em tom de marrom, calças bailarina com camisão. Que tempo difícil. Não que eu fosse um grande exemplo fashion mas hoje em dia, pelo menos, eu tenho noção.

E elas?

Eu não sabia. Anos de feliz ignorância. Veio o orkut, quiseram fazer um reencontro e pediram que eu escolhesse o local. Escolhi um bar delicinha nos Jardins, o Tostex, onde tínhamos um espaço só nosso. Fui com um amigo que é o cúmulo da simpatia. O saldo do reencontro: o lugar era moderno demais, com gays demais e, pelo fato do meu amigo ser gay, falaram que eu andava com um "povo mona" e que eu devia ser lésbica. Eu soube disso porque depois do reencontro uma menina veio me pedir, educadamente, que eu não desse em cima dela. Minha vingança foi dizer que nem que eu fosse eu daria em cima dela porque ela certamente jamais seria meu tipo.

Bloqueei muitas meninas, migrei para o Facebook. Eis que de uns meses para cá todas as moças começaram a me achar. E me adicionar. Eu não recuso porque acho falta de educação e, querendo ou não, ali no meio há gente muito legal. Minhas amigas da época são legais. Fui deixando a invasão da cafonalha acontecer porque, afinal, até ali ninguém tinha postado fotos e me marcado.

Até anteontem.

O horror tomou conta de mim quando comecei a receber mensagens falando que "fulana marcou uma foto sua". Não podia ser boa coisa. Não era. Milhares de fotos da época da formatura, fotos de viagens de estudo do meio, fotos que fazem eu me lembrar da minha fase Carrie, a Estranha. Mas ok, nem desmarquei meu nome porque estou numas de auto-aceitação e desapego com esse passado. Deixa todo mundo ver o doce cramulhão que eu era, tudo bem. Hoje em dia tô gata, tô ruiva, tô com os dentes certinhos. Tá tudo bem. Né?

Não muito. Porque com as fotos e pessoas e reminiscências começaram as mensagens de "que saudade dessa turminha rsrsrsrsrs" ou "meu deus, que época boa, kkkkk, saudadeee". Gente. Eu não sinto a menor saudade dessa época. A MENOR saudade. Eu era feia pra caralho, não pegava ninguém, pesava 38 quilos, era CDF. Eu era amiga das descoladas mas nem sei como. Certamente só porque não estamos nos EUA, porque se estivéssemos, certeza que eu teria recebido meu quinhão de sangue de porco. Então fica a mulherada lá nas doces lembranças e me incluindo na conversa e eu com cara de "q" na frente do computador. Não lembro de muita gente. não faço questão de me lembrar, estou bem assim. A ignorância é uma benção.

Depois das conversas sobre saudade, conversas que não tiveram minha participação, começou o pesadelo parte 2. Reencontro e atualizações de status. "Boa semana" e "que seja melhor que a semana passada na fé de Deus" e declarações de amor ao namorado que atende pela alcunha de "Buda Marley" (HUAHUAHUAHUAHUA). Cancelei assinaturas como se não houvesse amanhã. Mas ainda estou em dúvida sobre o reencontro. Meninas que são muito legais provavelmente irão e eu gostaria de revê-las. Isso significaria lidar por algumas horas com a galera cafona, com o pessoal que não quer que eu dê em cima delas (!!!), com a total falta de senso estético, com as conversas sobre como é difícil ser professora da rede pública*. Será que eu consigo?

A certeza é que se eu for terei assunto pra mais de mês.




(*Porra, eu acho que ser professor da rede pública é coisa de gente maluca. Masoquista. Admiro quem tem coragem de levar essa vida mega sacrificada mas não quero falar sobre isso porque eu não acho sensato alguém escolher isso pra si. Eu fico aqui, duvidando da capacidade de discernimento da galera, sabem? Malz aê se eu sou escrota mas 600 horas de estágio no lombo me dão algum embasamento para opinar. Trabalhar na rede pública? Dude, you're nuts)