sábado, 22 de outubro de 2011

I know a place where you can get away, it's called a dance floor and here's what's for

Eu não sou exímia dançarina, nunca fiz ballet e sou melhor na dança de salão do que nas coreografias de música pop. Não importa. Desde que eu me entendo por gente, ou seja, desde que eu tinha uns 21 anos, dançar é a minha meditação, a minha reza. Em casa em frente ao espelho ou na buatchy, é dançando que eu esqueço da vida e faço tudo melhorar. O mundo está ruindo? Saio pra dançar. Pra me perder na pista de dança, pra rebolar até o chão, pra cantar alto as músicas que me fazem feliz. Estou feliz? Também saio pra dançar. E é dançar sem me importar com pose, porque fazer pose não combina com a dança.

Essa semana, pra variar, foi um grande cocozão. Então hoje eu vou sair pra dançar. E espero que toque essa música:

Love on Top, Beyonça

Eu entendo a piração da mulherada com "Run the world". É uma música bacana. Mas gente, vai tentar dançar aquele troço. É complicado. Não quero run the world, quero love on top com dancinhas!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Deixando de escutar para apenas ouvir

"Hear" é quando você ouve algo sem intenção. "Listen" é quando é intencional. You hear the noise coming from the street, you listen to music. Em português temos ouvir e escutar, mas eu acho que não há uma diferença tão explícita entre um e outro em nossa língua. Ou há? Enfim. Um professor raramente consegue apenas "hear" os alunos. Um professor "listens to" alunos. Não tem como. Você está lá e seus ouvidos estão ligados. Em tudo. Nas fofoquinhas faladas em sussurros. Nas reclamações. Nas frases repetidas na hora do drilling. Em uma turma de 20 alunos eu consigo identificar quem está falando de fato as repetições e quem está apenas mexendo os lábios. Meus alunos querem morrer comigo. Assim como querem morrer quando sussurram uma reclamação e eu respondo em voz alta, pra todo mundo ouvir.

Esse poderia ser considerado um talento. Eu vejo isso como um fardo. Quem de fato escuta não consegue ignorar as bobagens que ouve no dia-a-dia. Quem de fato escuta não consegue praticar o "entra por um ouvido e sai pelo outro". Se eu apenas ouvisse e me atentasse em fazer o que devo fazer, que é corrigir erros falados em inglês, eu seria mais feliz. Eu não absorveria as asneiras que me falam e não carregaria o peso delas depois. Asneiras pesam, sabiam?

Aluno repetente que vem tirar satisfação porque diz que eu cobrei na prova matéria que não dei em aula. Mentira, eu só cobro em prova o que foi ensinado em aula. O energúmeno me mandou recadinho escrito! Entrei na sala-de-aula feito um tufão. "Ô bonitão, posso saber que droga de recadinho do coração foi esse que você mandou?". Falo assim mesmo com o pessoal do ensino médio, senão eles nem olham na minha cara. Fui obrigada a escutar que eu coloquei palavras que não ensinei ainda. Palavras no texto da compreensão de texto. Tive que segurar o riso. "Amiguinho, compreensão de texto é isso mesmo. É encontrar uma palavra desconhecida e entendê-la pelo contexto". Escuto: "mané contexto, cara? Vem cobrar coisa que não ensinou?". Argumentei que um idioma só é idioma se tiver contexto. Contexto é tudo, vamos amar o contexto. Ele virou a cara pra mim e ficou resmungando. É lógico que eu escutei. É lógico que eu fiquei puta da vida.

Estou doente desde quarta-feira, ontem dei aulas o dia todo. Mas estava com tanta dor de garganta que em um momento de uma das aulas eu relaxei. Deixei os alunos conversarem em português mesmo, 5 minutos não matariam ninguém. Alunos na faixa dos 12 anos falando sobre planos para o futuro e o quanto deve ser difícil passar na faculdade. E que pra passar na USP só quem é muito nerd e estuda demais. Interrompi e contei que eu passei sem estudar nada porque era boa aluna e tenho boa memória. Ele ficaram maravilhados. Um aluno me fala: "teacher, mas não estou entendendo uma coisa. Você estudou. E você é inteligente. E sabe inglês. Porque você é professora??? Por que não é bem-sucedida?". Ô tristeza. Ele perguntou sem maldade. Eu expliquei a ele que na minha área, dar aulas naquela escola era uma maneira de ser bem-sucedida. Ele rebateu: "mas ser bem-sucedido não pode ser ter que aturar aluno mal-educado e você atura isso todas as aulas". Sábio, não? Encerrei a conversa e voltamos à aula. Mas estou até agora pensando nisso. E por quê? Porque não sei ouvir. Tivesse eu só ouvido, teria encarado isso como uma conversa besta de alunos adolescentes. E só.

Ontem saí da escola e fui direto pro hospital. Amigdalite. Garganta bastante inflamada, toda cagada mesmo. Liguei para a minha gerente para avisá-la que eu não poderia dar aula hoje. A nêga passou o dia de ontem inteiro vendo como estava difícil para mim por causa da dor de garganta. Ela VIU. E deu-se ao direito de ter chilique comigo ao telefone, horrorizada porque eu tinha atestado para um dia. Como assim eu não daria aula, ai meu deus, e você ME AVISA AGORA? Poxa, eu fiquei horas no hospital, só soube do atestado agora. Tive que escutar grosseria e tive que escutar um "PELO MENOS você mande por email EXATAMENTE o que deve ser dado pra essa turma. É o mínimo que você deve fazer. A gente te ajuda mas você tem que nos ajudar um pouco".

Eu escutei, claro.

E estou remoendo essa merda até agora. Quero sambar na mesa dessa insensível. Quero sair gritando pela escola "filha da putaaaaaaaaaa, estou aqui só porque estou cumprindo a minha palavra, porque não quis te deixar na mão, e você me fala UMA BOBAGEM DESSA? Enfia esse trabalho no orifício que melhor lhe convir e me mande embora!". Mas é claro que segunda-feira ela estará um amor comigo, porque ela sempre percebe quando faz merda e depois vira uma seda.

Nem 4 meses num lugar e já quero deixar de lado um dos meus talentos de vida, que é saber escutar. Cansei, só quero ouvir. Preferencialmente só "blablabla whiskas sachê". Só.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mural de mimimi

Como eu sou VINTAGE eu decidi que vou fazer desse blog meu mural de mimimi por um tempo. Em outras palavras, até dezembro. Nos primórdios dos blogs - e acreditem, I was there - blogs não eram essa coisa toda temática e calculada de hoje em dia. Blogs eram amontoado de textos sobre coisas aleatórias sendo que, na maioria das vezes, eram um amontoado de mimimis que, no final das contas, faziam sentido para determinadas pessoas. Tudo era muito mais espontâneo e, consequentemente, mais divertido.

Duvido que meus posts até dezembro sejam divertidos porque estou numa fase bem difícil profissionalmente e não tenho visto muita graça em quase nada. Estou monotemática, só penso em trabalho, me sinto chata. Quero poupar um pouco os que amo. Então vou resmungar aqui mesmo. Tenham paciência ou então voltem só depois do dia 09/12 - tudo bem, sem mágoas.

(Eu nunca menti pra vocês: eu escrevo mimimis em primeira pessoa, diarinho puro. O máximo que faço é filtrar o que escrevo para não ficar pessoal demais ou não ofender ninguém. Não sei se meus amigos leem aqui com frequência, não checo pageviews, entro aqui e despejo bobagens e pronto.)