domingo, 20 de dezembro de 2009

Um dia produtivo e alérgico

Ontem eu arrumei todas as minhas gavetas, armário e estantes. Foi uma revolução. Tirei tudo de dentro, passei pano, lustra-móveis, organizei, tirei velharias. Estou alguns quilos mais leve em meu coração (no corpo não, ontem descobri que usar tomara-que-caia tá beirando o ridículo, mas não falarei disso agora). Mas, essa leveza veio junto com a maior crise alérgica da história da minha vida com rinite. Quando decidi que ia comprar remédio, a crise deu uma amainada. E aí fui pra cozinha fazer mais de um quilo de biscoitos natalinos. É assim, você não tem dinheiro, então presenteia com comidinhas. Pra falar a verdade, eu acho que presentear com comidinhas é uma delicadeza muito grande e eu acho o máximo tanto cozinhar pra presentear quanto receber presentinhos comestíveis. Minha alma de gorda é muito, muito gorda mesmo. Mas pensem: você ganha algo que sabe que a pessoa teve trabalho em preparar, fez pensando em você, comprou ingredientes pensando em você... Ah, vá. É muito legal e muito gentil. E gentileza, hoje em dia, é coisa rara.


Esses são os biscoitinhos. O flash estourou em cima, mas eram 3 da manhã e eu estava há 4 horas ininterruptas numa sequencia sem fim: abre massa - molda biscoitos - coloca na forma - polvilha canela e açúcar cristal - coloca no forno - tira do forno - abre massa - molda biscoitos - ad eternum. Não tem como exigir foto boa. Eu estava tão cansada que meu nível de loucura estava no ponto de fazer biscoitos achando que Víctor e Leo têm músicas legais. Eu quase cantei "Fada" junto com eles enquanto eles se apresentavam no Altas Horas. Não cantei, mesmo porque não sei a letra direito. Mas era esse meu nível de loucura: estava achando tudo divertido. Quando meu irmão chegou em casa, às 3 da manhã, junto com um amigo, eu neeeem liguei que minha vestimenta fosse essa:


MUITO garbo e elegância.

Aí eles chegaram, eu já estava na última fornada, conversamos um pouco e eles, gentilmente, foram ao Mc Donald's aqui pertinho me comprar um lanche. Porque eu estava há horas só cozinhando e sem comer nada salgado. Terminado todo o trabalho do dia todo, fui deitar crente que ia dormir com os anjos, já que estava exaurida depois de horas de arrumação e horas na cozinha.

Mas aí... Eis que o monstro da rinite voltou, com força total. Comecei a espirrar loucamente, a tossir loucamente, meus ouvidos começaram a doer e eu achei que fosse o meu fim. Eu espirrei até quase 6 da manhã. Meu irmão não estava mais em casa pra ir comprar remédio, eu não tinha condição de sair e minha mãe, se não tinha acordado até ali com a sinfonia de atchins, não acordaria tão cedo. E foi assim que eu consegui dormir perto do nascer do Sol e hoje estou tão acabada que nem consegui sair da cama ainda. Levantei só pra almoçar.

Eu deveria ter ido ao cinema e deveria visitar dois tios meus pra levar os biscoitinhos. Mas estou sem forças. Disso, tira-se a bela lição: NUNCA arrume armários e tire pó sem ter um bom anti-alérgico em mãos. Aprendam, amiguinhos.

Pelo menos estou com tudo organizado e os biscoitos ficaram bem gostosos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pílulas de acidez

- Uma coisa que eu não entendo é por que raios as revistas insistem em chamar a Paola de Orleans e Bragança de PRINCESA. O Brasil agora é monarquia novamente, é? Sem contar que a mina é feia. Pelamor, né, Brasew.

- "gostinho de quero mais" está no meu "top 10 expressões imbecis". Juntamente com "ninguém merece", "tudo de bom" e a variante máxima da imbecilidade "tudo de bom ponto com ponto br". Tem uma menina da dança que está há mais de um mês com a frase "Floripa deixou gostinho de quero mais" no msn. Aposto que se eu fizesse uma gincana "Faça uma frase com o máximo de expressões idiotas", essa menina conseguiria o prêmio máximo. Certamente ela falaria "Floripa deixou gostinho de quero mais porque foi TUDO DE BOM. Conheci um cara que é tudo de bom ponto com e AREBABA! Foi demaaaais! Ruim foi voltar, né? Ninguém merece!".

- Aliás, sabe aquela esquete do Didi Mocó em que ele se veste de Maria Bethânia e canta "Teresinha", do Chico? Essa aqui ó. Essa menina que acha Floripa tudo de bom é A CARA do Didi vestido de Bethânia. E não é sacanagem minha, parece mesmo. Já falei sobre isso com meus chegados da dança, mostrei-a pro meu namorado, todos concordam comigo. É parecidíssima.

- A melhor parte dessa esquete é a parte em que o Didi entra sorrateiro no coração. Eu gargalho toda vez que assisto.

- Ah, você achou que sou maldosa por falar que a menina parece o Didi? Se eu tivesse dito que ela parece com alguém mais esteticamente aceitável você não teria achado maldade, né? É foda. A feiúra está no mundo, tanto quanto a beleza. Até mais, eu diria. O que eu posso fazer se a moça parece mesmo com o Didi? Vou dizer que ela parece a Gisele Bündchen? Já me disseram que sou parecida com a Carla Marins e eu acho a Carla Marins feinha. E aí, bato na pessoa?

- O MUNDO ESTÁ FICANDO POLITICAMENTE CORRETO DEMAIS E CHATO DEMAIS.

- Li hoje o seguinte: "O sentido da vida? Ladeira abaixo". Achei perfeito. Outra frase, da mesma pessoa: "Não é que eu seja mal-humorado. O mundo é que é bem-humorado demais". Bingo.

- Estava conversando com uma amiga sobre estudos e disse que, por mais que eu MORRA de vontade de voltar a estudar, só de pensar no tanto de gente burra com quem terei que conviver, já sinto preguiça. Porque às vezes eu sinto que a cada dia as pessoas emburrecem mais. Devem se reproduzir assexuadamente. Minha amiga acha que eles são Gremlins. Faz todo o sentido.

- Aí eu estava no ônibus, com minha cara ônibus (aka cara de poucos amigos), carregando o material de aula. Um dos livros que uso se chama "Cutting edge". Um maluco começa a puxar papo com minha pessoa. O maluco fala ALTO, então todos começam a olhar para nós. Prazer inenarrável. Aí ele pergunta "ô, você sabe o que quer dizer edge?". Eu podia ter dito que não e a conversa acabaria ali. Mas eu sou professora, né. Professores não sabem ficar calados quando alguém pergunta significado de palavras ou quando alguém começa a falar tudo errado. Dá vontade de explicar, dá vontade de corrigir, é automático. Aí eu respondi: "Sei sim. Quer dizer beirada, aresta...". Ia continuar falando os sinônimos quando ele me interrompeu: "AH. Aresta tipo ABISMO, né?". E a minha cara de "jesusmetiradaqui"? Pacientemente, respondi: "Não, não... Aresta é uma coisa, abismo é outra. Aresta é o mesmo que canto. Olha aqui no livro, esse livro tem arestas". Aí ele começou a me contar que um carro da Ford se chama Edge e queria saber o motivo. Obviamente que eu não sei. Meu interesse em carros é o mesmo que meu interesse por futebol: nulo. Aí de repente o maluco desceu do ônibus, me agradecendo pela explicação. Essa é a minha vida, pessoal. Essa é a minha vida.

- PELO MENOS ele não fez como muitas pessoas, que, ao saberem que sou professora, começam a falar sobre os cursos que fizeram e INVARIAVELMENTE falam "ah, mas eu nunca entendi aquela coisa de have ou has com verbo". Vulgo "present perfect". Minha resposta default: "ah, mas é difícil mesmo". Porque TÁ BOM que eu vou dar aula de present perfect de graça em meu momento de lazer. TÁ BOM.

- E tem também as pessoas que, ao saberem que sou professora, automaticamente começam a falar comigo em Inglês. Um Inglês geralmente cheio de erros. CHEIO. E o comichão que me dá de começar a corrigir? Eu geralmente encerro a conversa porque SEI que, com mais 5 palavras, vou começar a dar aula e corrigir pronúncia. Uma vez nerd, sempre nerd.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Exausta

Eu estou tão, mas tão cansada de determinadas coisas. Eu quero TANTO, mas TANTO que essa história acabe logo, se resolva logo. Porque eu não aguento mais.

E ficadica pros amiguinhos que estão pensando em ter filhos. Pensem que absolutamente tudo o que vocês fizerem vai interferir na vida de seus filhos. Pensem que QUALQUER escolha que vocês façam vai se refletir na vida deles. Pensem nisso. Pensem que vocês têm escolhas mas, dependendo delas, vocês podem deixar seus filhos sem escolhas. E, acima de tudo: tentem enxergar e entender o lado de seus filhos. Sempre. Pode parecer que você enxerga, mas não enxerga. Então, amiguinhos, pensem bastante antes de ter filhos porque é coisa séria e, depois você pode nem ter dinheiro pra pagar a terapia deles.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Dia 11 é a minha apresentação de dança - samba rock e gafieira com uma música do Seu Jorge que só não é mais chata porque ela já é chata o suficiente (coloquei links pros estilos de dança como exemplos. O talento dos bailarinos nos vídeos não corresponde ao talento dançarino dessa que vos escreve, embora eu dê meus pulinhos). Minha animação pra apresentação desse ano está apenas num nível médio. No ano passado, dançar no palco e o show da Madonna foram meus grandes momentos de liberdade e "desencapetamento" num ano que foi muito, muito difícil. Esse ano minha vida deu aquela rodada pra cair no "absofuckingly unexpected" agora em novembro. Ainda estou em processo de acertar minha cabeça e meus pensamentos, ou seja, não estou nada focada em dançar. Mas sei que, no dia, estarei ansiosíssima e, depois de dançar, estarei exultante (no ano passado eu só faltava babar ao ver os vídeos da apresentação. Fiquei sorrindo de auto-orgulho uns 3 dias. Boba, boba, eu sei). A roupa desse ano não é um omeletão, é um macacão verde meio larguinho. E esse ano caí na turma mais avançadjinha, então não rolaram micos alheios nem quedas e nem situações vexaminosas nos ensaios, como no ano passado. Uma pena, no ano passado eu ri mais. Esse ano, eu e meu par e mais 4 duplas terão que fazer uns passos mais complicados em determinado momento e, sendo sincera, o mico desse ano foi meu e desse pessoal. E, mantendo a sinceridade e elevando-a ao nível "too much", ainda não estou segura e acho que vou tropeçar no meu próprio pé.

Esse será meu último semestre nessa escola de dança e essa será minha última apresentação. Vou parar de fazer aulas, por um tempo. Acho que a escola onde faço o curso já deu o que tinha que dar e preciso de novos ares. Vou esperar pra poder fazer um curso com meu namorado, porque uma das coisas que mais quero é poder sair pra dançar com ele. Fomos a um samba no Rio outro dia e eu fiquei me coçando pra arriscar uns passos de gafieira, mas ele, por enquanto, só sabe dois passinhos. Quem sabe até o final do ano que vem não estamos, os dois, dançarinos?

É engraçado como é verdade que as coisas, geralmente, acontecem no tempo certo. Ainda que o universo como um todo seja apenas um caos regido pela aleatoriedade, há algumas coisas na vida que comprovam que a aleatoriedade nem sempre nos comanda. Há um ano e pouco havia a ameaça d'eu ter que parar a dança porque não teria dinheiro para continuar. Quase perdi a época de matrícula, mas tudo deu certo e eu continuei. Parar, naquela época, era inimaginável. Meu coração apertava. Eu pensava nas pessoas e no tanto que as aulas me faziam bem, no quanto tinham me ajudado a não ficar louca e sofria pensando que sem aquilo seria difícil continuar a viver numa boa. E eu estava certa. Se eu tivesse parado, naquela época, teria dado uma leve surtada (outra, de muitas) porque a dança me segurava. Hoje em dia minha vida mudou muito. Eu não quero comprometer 6 meses de minha vida pagando algo sabendo que não vou conseguir ir a todas as aulas. Vou procurar alguma dança individual (jazz, quem sabe), com aulas durante o dia, mais em conta, enfim. Parar de dançar eu não pararei.

Com a dança de salão eu vi que a grande paixão da minha vida é mesmo dançar. Eu sou feliz quando danço forró, gafieira, salsa ou samba rock. Feliz mesmo. Eu esqueço de tudo, me concentro nos passos, fico com vontade de não parar mais. Quando eu danço livremente, numa pegada mais "buatchy", também sou muito feliz e também tenho vontade de continuar até os pés não aguentarem mais. Fico feliz que a dança de salão tenha me mostrado que dançar é a minha praia. Ter um hobby é muuuuuito importante pruma mente saudável. Sério, pessoal. Procurem um hobby porque viver em São Paulo sem ter uma paixão é osso. A dança me trouxe uma convivência com pessoas muito diferentes das que eu estava acostumada e isso me fez um bem indescritível. É bom deixar preconceitos de lado. É bom expandir os horizontes e ver que o mundo tem muita gente legal, embora meu coração preto e peludo geralmente me diga que é o contrário. É bom ser uma pessoa que convive com todo o tipo de gente e que vai do forró ao róquenrrol na Augusta num piscar de olhos e super numa boa. Eu tenho orgulho de ter deixado muitas das minhas frescuras de lado. Fiz duas amizades que vou levar pra vida toda. Conheci pessoas que, pieguice permitida, moram no meu coração, mesmo que percamos contato.

E é por isso que as coisas acontecem no tempo certo. Saio de lá com aquela sensação de "já deu o que tinha que dar", mas esse "já deu" só tem coisas positivas. Quer coisa melhor?

Torçam por mim na sexta. Quero sair de lá sem ser a pessoa que pagou mico na apresentação. Quero continuar com a minha fama de boa dançarina! ;-)




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Todas as estações do ano, todos os humores do mundo. Toda a ansiedade do universo, toda uma vida a resolver. Toda a espera de 30 anos, toda a urgência de acertar meu trabalho. Toda a incerteza do desconhecido, todas as dúvidas que a revelação de um segredo traz.

Não tem sido fácil.

Aquela coisa de família

Tem horas em que é difícil ser uma das ovelhas negras da família (a outra é o meu irmão - não me perguntem como o útero de minha mãe produziu duas ovelhas negras, o fato é que eu e meu irmão estamos aí, né. Cada um do seu jeito, polemizando há anos). Às vezes eu sonho com uma reunião familiar em que todos os podres virão à tona e eu poderei dar uma de louca falando "você acha que eu fui ruim????????? Eu sempre protegi a minha mãe e você acha que fui ruim??????? Vou te contar o que é ser ruim!". E aí pronto, SHIT ON THE FAN NERVOSO.

Sério que esse é um dos meus sonhos. Que teria consequências catastróficas, e, portanto, talvez seja melhor que ele permaneça sendo sonho mesmo.

Eu detesto essa postura geral de "nada aconteceu, nada está acontecendo, vamos seguir com nossa vidinha religiosa de ajudar os outros e esquecer quem faz parte da família". Eu NÃO aceito que seja pregado o perdão a torto e a direito, que haja esse discurso de "não devemos julgar", mas que isso seja válido somente para quem é de fora.

Aí as pessoas acham que eu sou boba e não percebo as alfinetadas que me dão quando falam isso ou aquilo. Se tem uma coisa que eu não sou é boba, principalmente no quesito "perceber alfinetadas". Anos de experiência, meu povo. Percebo a menor inflexão de voz. Sei muito bem que "fico TÃO FELIZ que você tenha encontrado um homem tão legal" ou "QUE BOM que ESSE é pra valer" significam muito mais coisas do que simplesmente felicidade por mim. Sei muito bem de tudo.

Mas há salvação. Nem todos os meus tios são problemáticos, nem todas as minhas tias são mesquinhas.

Ufa, desabafei.