sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Dançando e rodando no meu MP3 player

"I pack my case
I check my face
I look a little bit older
I look a little bit colder
(...)
I caught my stride
I flew and flied
I know if destiny’s kind, I’ve got the rest of my mind
But my heart, it don’t beat, it don’t beat the way it used to
And my eyes, they don’t see you no more
And my lips, they don’t kiss, they don’t kiss the way they used to,
and my eyes don’t recognize you no more"
(For Reasons Unknown, The Killers)

"Oh well I don't mind,
if you don't mind
'Cause I don't shine if you don't shine
Before you go, can you read my mind?"
(Read my mind, The Killers)

"Donde estas, donde estas, Yolanda
Que paso, que paso, Yolanda
Te busque, te busque, Yolanda
Y no estas, y no estas Yolanda"
(Donde estas Yolanda, Pink Martini)

"J'ai un coeur énorme
Qui dirige ma vie entière
Je peux vous donner un peu de mon coeur"
(Dansez-vous, Pink Martini)

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Mas MÁRCIA, vou ter que pegar OMNIBUS!*

Reclamar de ônibus é quase uma constante em minha vida. Não tenho carro, portanto, dependo do péssimo sistema de transporte coletivo de São Paulo, que, por sua vez, não comporta o batalhão de pessoas que vêm e vão todos os dias. Em 2005, antes d'eu começar a dar aulas numa escola perto de casa, eu dava aulas em diversos lugares da Zona Sul. Eu moro na Zona Sul, ou seja, teoricamente, não deveria ter problemas com os locais de aula. Só teoricamente, porque Morumbi, Cu de Interlagos e Vila Sônia são portais para uma outra dimensão, uma dimensão onde todos têm carros e não dependem de baldeações e lotações para chegar ao seu destino. Em alguns dias eu pegava uns 8 ônibus, incluindo um em que quando eu ficava uma hora e meia dentro dele, era lucro. Invariavelmente eu chegava em casa mal-humorada. No último mês dessa tortura, invariavelmente eu chegava mal-humorada e chorando de cansaço.

Cansaço porque não há corpo que agüente ônibus lotado várias vezes ao dia. É esse o maior problema dos veículos automotores coletivos: eles geralmente estão lotados. E agora podem me chamar de elitista nojenta (como já me chamaram num outro blog que tive), mas eles geralmente estão lotados de gente feia, mal-educada e porca. E, se eu quisesse ver gente assim, iria pro Largo 13 todo dia passear. É um empurra-empurra louco, gente que acha que mochila é casco de tartaruga e nunca tira aquela porra de trambolho das costas, nem quando há fila dupla de pessoas em pé no corredor, gente que te vê segurando bolsa e casaco e não se oferece pra segurar, gente que está sentada no assento preferencial e finge que nem viu o velhinho/velhinha que subiu no ônibus e está de pé. Eu não suporto falta de educação e gentileza, acho que é muito simples tornar as coisas no mundo melhores se você simplesmente respeitar o próximo. Mas pra quê respeito, não é mesmo? E dá-lhe creiços e creiças amontoados na porta, sendo que vão descer lá no ponto final. Dá-lhe gente que esquece que banho é bom e enche o ambiente com aquela catinga nojenta de cecê. Dá-lhe creiço que encoxa a mulherada. Dá-lhe creiças de cabelo cremoso de Kolene encostando aquela arapuca melecada que elas chamam de cabeça nos pilares em que eu quero colocar minhas mãos limpas e macias para me segurar. E dá-lhe pessoas falando muito alto.

Poucas coisas na vida me tiram muito do sério, a ponto d'eu ter vontade de mandar a elegância às favas e ter um siricotico público. Uma delas é grupo de pessoas que falam alto, principalmente grupos de atendentes de telemarketing que pegam ônibus juntos e acham que é excursão da 5ª série: falam alto, cantam musiquinhas escrotas, tiram sarro das pessoas que estão ao redor. Nessas horas eu morro de vontade de falar "oi, vocês usam calça jeans justa com a banha pulando, vocês usam colar de côco, vocês usam botas plataforma. A Convenção de Genebra proíbe que vocês falem dos outros". Outra coisa que me tira muito do sério é celular na merda de alto-falante. O que leva as pessoas a se verem no direito de ouvir suas músicas sem fone-de-ouvido? Não me importa se é rock, pagode, música decente ou funk carioca: amigão, eu NÃO quero ouvir sua música, ônibus NÃO é balada. Já pensei em comprar esses fones de 2 reais e sair distribuindo para pessoas uó que acham que podem impor suas músicas uó dentro dos transportes coletivos uó.

No meu último trabalho, eu demorava de 10 a 15 minutos para chegar, 20 minutos se houvesse trânsito. Além disso, os ônibus nunca estavam apinhados de ceresumanos e, quando estavam, eu sabia que a tortura acabaria logo. Eu já estava desacostumada ao caos onibuzístico. Meu trabalho atual é bipolar: metade da semana num lugar, metade em outro. Um lugar é a Paulista, o outro é o meu bairro mesmo, dá até pra ir a pé. O problema é que a metade na Paulista inclui estar lá às 7 da manhã e às 7 da noite, o que significa horários de pico. O que significa ônibus lotadíssimo. Ontem, 6:15 da madrugada e tudo o que passava na avenida estava apinhado de gente.

Uma nova fase se inicia: a do meu novo trabalho, que até agora está bem legal. Uma fase antiga se reinicia: a dos ônibus fodidamente cheios de gentalha. Mas não tem tanto problema assim: eu estarei sempre munida do kit anti-social (óculos escuros, MP3 player e livro) para suportar essa parte não glamourosa dos meus dias. Ao menos, enquanto ouço minhas músicas posso sempre pensar que tudo é um musical e imaginar as pessoas todas dançando (como já contei aqui uma vez). E, se nada disso der certo, posso começar a caminhar até a Paulista. Chego lá suada, mas ao menos o suor será meu, e não dos creiços que bafejam no cangote das mulheres enquanto tentam passar pelos corredores nos ônibus.



* isso é uma referência a um capítulo de "A Feia mais Bela", que eu, Dani e Miru assistimos juntas num dia de nossa viagem a Arraial D'Ajuda. Uma ex-dondoca, indignada pelo fato de ter que pegar ônibus, ligava pra amiga Márcia e falava com uma voz esganiçada exatamente essa frase do título. Junte a voz esganiçada, com ÔMNIBUS e a dublagem péssima das novelas mexicanas e tenha piada interna pro resto da viagem. Passamos o resto dos dias falando que pra ir pra Trancoso "temos que pegar OMNIBUS MÁRCIA". :-)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Harry Potter Pocotó

Um amigo meu está "na pegada" Harry Potter. Acho que está lendo o último livro, e, como eu bem sei, o último livro te faz virar um zumbi que ao invés de falar "mioooolos" fala "haaaaarryyyyy, rooooon, hermioooone". E você só fala a respeito de Dumbledore, Voldemort, horcruxes e mortes dos personagens. Acontece que meu amigo é praticamente o rei da infâmia. Além de chegar pra mim com piadinhas do tipo: "Como é decidido um impasse em Hogwarts?". A resposta? "Com o voto de Minerva". Na semana passada o nick dele no MSN era "Voldemort de horcrux é Rowlings" (santa criatividade, Batman!) e ontem era "Harry, Ron e Hermione eles nunca estão sós. Quando vão caçar horcrux, levam o Mago Dumbledore!". Pior é que eu conheço bem o figura e conheço seu padrão de piadas. Então, quando li, sabia exatamente a brilhante referência desse nick. Lembram da famigerada "egüinha pocótó"?

"Vou mandando um beijinho...
pra filhinha e pra vovó.
Só não posso esquecer
Da minha egüinha pocotó!"

Agora cantem o nick mencionado em ritmo de "egüinha pocotó". Se quiserem, podem até complementar com:

"Dumbledore, Dumbledore, Dumbledore
Levam o mago Dumbledore"

Não sei se me assusto mais com a criatividade dele ou com o fato d'eu ter sacado na hora qual era a música do nick.

domingo, 26 de agosto de 2007

Querido diário,

Esse final-de-semana me fez bem. E me deixou feliz. Teve festa, teve alguns amigos, teve churrasco, teve amigos novos. Gente bacana mesmo. E, pra finalizar, eu vi que o The Rapture vem prum festival dia 11 de novembro. Ou seja, das 3 bandas que eu gostaria muito de ver o show (The Killers, The Rapture e Muse), conseguirei ver duas esse ano. Viva!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

WARNING: contém spoiler

É bom avisar logo no título. Assim, caso você tenha pretensões de assistir a esse filme nos cinemas, pode escolher entre ler meu texto e saber o final do filme ou continuar na ignorância. Bom, eu avisei.

Tarde de segunda livre, na região da Paulista, o que fazer? Meu amigo veio com a solução: cinema. Ele queria ver "Bubble", eu havia lido algo a respeito bem superficialmente, topei. Na verdade, não chega a ser uma tarefa ingrata a de convencer-me a ir ao cinema. Me chama que eu vou, já dizia Magal nos anos 90.

O filme conta a história do amor proibido entre um Capuletto e um Montecchio. NOT. Mas se eu fosse resumir o filme grosseiramente, diria que é um Romeu e Julieta moderno, gay e entre um judeu e um árabe. Drama, minha gente, drama. E aí, entre um atentado e outro, vemos que os judeus de Tel-Aviv são modernos, pacifistas, tolerantes, são contra a segregação. Ao passo que o mundo de onde vem o árabe, a cidade de Nablus, é antiquada, presa a tradições milenares, as pessoas são intolerantes, jogam bombas por aí, são feios e caras de colher. Todos sabemos que a realidade não é essa, mas é essa a mensagem subliminar do filme.

O problema é que a história te deixa perdido. Começa quase leve, com momentos de alguma tensão. Depois, o amor, aah, o amor. Sexo hetero, sexo homo, piadinhas, momentos divertidos, o amor impossível, a busca do amor impossível. Tudo relativamente legal e relativamente leve. Você quase "pega amor" pela história entre o judeu e o árabe, pois ambos são fofos e se gostam muito. E toda aquela coisa de amor proibido tem a sua graça. Então, quando você começa a torcer para que o casal ao menos consiga se ver... Reviravolta: atentado em Tel Aviv, morte em Nablus, terrorismo envolvendo a família do árabe. Que, então, decide ser mártir, voltar pra Tel Aviv enrolado num monte de bombas e acionar o dispositivo justamente quando encontra com seu amor judeu. BUM. Acabou-se. E a sua cara transforma-se num grande ponto de interrogação, seguido da letra "Q" bem grande estampada na testa, ao ver que o personagem trocou de personalidade como quem troca de roupa. Não só, decidiu matar o homem que amava, porque talvez eles se encontrem no paraíso e lá possam viver juntos. Ai, meus sais, que porra de amor é esse?

Achei tão descabido esse final que saí do cinema indignada. Pra quê, repito, pra quê deixar no ar a idéia de que os árabes são malucos e malvados? Pra quê fazer com que uma história de amor tão bacana acabe assim, de maneira tão despropositada? Quer se matar e ser mártir, "ok", quem sou eu para questionar um costume milenar. Mas daí a resolver matar quem você ama junto, JEMT, péééé, tá errado. Não gostei. Fiquei quase horrorizada com a decisão do árabe, na verdade. E com esse diretor maluco que gosta de mensagens não tão subliminares assim.

Conclusão: filme uó.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Panic in the streets of London

You realize you may not be quite as fine as you thought you were when you simply panic after receiving an invitation to go out. Go out on a date. On a Friday night. From a man. Who has recently confessed a crush on you. Then you just say no, politely. Turn off the msn. Conclude you're not ready for that, you're not supposed to be ready, it's not expected that you cope with this kind of situation now. Why now? Why invite me out now, when I'm this emotional mess, when he knows everything I've been through, when he knows how much I liked that guy. That guy who went away. Back to where he belongs. He's there, I'm here and this guy who invited me out is also here. But I don't want here, I don't want there, I just want to be me again. I just want to get over this.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Hell Kitty

Eu preguei o amor e o "vamos viver dicunforça" num texto anterior, mas essa alegria se esvai no momento em que ponho meus pés num busão lotado. Ou melhor, num busão. Não curto a patuléia reunida, suada, voltando do trabalho e se roçando em meu corpinho. E, pior ainda quando entra algum vendedor. Eles não querem nem saber se você está de óculos escuros ou dormindo, eles te cutucam mesmo. Já fui acordada uma vez (oi, eu durmo no ônibus) e quase discuti com o vendedor.

Pois bem, hoje, ônibus vazio, eu sentadinha, quase feliz, kit anti-social bombando (óculos escuros + MP3 player) olhando o céu poluído e o Rio Pinheiros. Entra o vendedor. Obviamente me cutuca. E me entrega isso:





SUSTO. Meu pensamento: "PUTA MERDA, VIBRADOR DA HELLO KITTY? VIBRADOR? No ônibus? Apocalipse now!". Mas não, era apenas uma caneta grossa (ui), fálica (ui, ui) e cuja ponta acende (medo).

Meu instinto maternal jamais me permitira dar uma caneta dessas pra uma criança. Mas se alguma leitora mais velha tiver interesse numa linda caneta fálica que acende, Terminal Bandeira via marginal Pinheiros. Arrasa, fia.

Bofes, gatas e Nick Hornby

Uma vez um amigo me deu "Uma longa queda", do Nick Hornby, com o seguinte cartão:"Se sua intenção ao ler livros dele é entender melhor a cabeça dos homens, parabéns: está no caminho certo". Caminho certo? Puxa, que alívio. Ironias à parte, "Alta Fidelidade" e "Um Grande Garoto" realmente me fizeram enxergar muita coisa do universo masculino de outra maneira. Na verdade, de uma maneira bem mais simples, romanticamente falando. Foi lendo esses livros, e, mais tarde, o "Love Monkey" do Kyle Smith, que eu corroborei minha teoria simples a respeito dos homens na fase do relacionamento pós-pegadas e pré-namoro, mas precisamente na hora da definição: "me ame, me jogue no chão e me amarre pra sempre" ou "hum, melhor você se vestir, vai pegar um resfriado".

A teoria é simples, porém dura. Porque a realidade é essa mulher feia, de pele macilenta, olhos maldosos e cabelos cheios de Kolene. Mas, por mais que a realidade seja dura de ser encarada, ela é necessária. E o que acontece é que nós, mulheres, temos a grande tendência de negar a realidade no que tange a relacionamentos, principalmente nesse momento do "vai ou racha". Antes d'eu continuar, que fique claro: eu já fui BEM palhaça em alguns relacionamentos e não estou imune ao picadeiro, portanto, não quero dizer aqui que sei alguma coisa. Mas são anos de vivências, algumas delas meio ruins. E são anos de amizade com mulheres, ou seja, eu tenho certa base. Pois bem: chega aquele momento crucial, não que o sapo soube saber que o sabiá sabia assobiar, mas sim em que o casal define se é namoro ou amizade, Seu Sílvio. E, quando o bofe decide que é amizade, geralmente dá aquelas desculpas que nós estamos exaustas de saber.

Não é um bom momento pra mim, o problema sou eu e não você, preciso de um tempo pra mim, quero me dedicar à minha carreira, tudo aconteceu rápido demais e eu preciso de um tempo pra pensar, não quero namorar ninguém agora pois acabei de sair de um relacionamento (ainda que o tal relacionamento tenha acabo há um ano), você é a mulher certa na hora errada, blá blá blá. Tenho certeza que todos já ouviram alguma dessas frases. E aí a moça fica lá, eloCUbrando o que fez de errado, o que falou de errado, será que foi muito reservada na cama, muito ousada, será que algum dia estava com cecê, será, será, ó meu santo protetor da maldita culpa cristá e atávica. Não, o problema não é você. Ou talvez até seja, mas vamos generalizar. O problema todo é: ele não se apaixonou por você. E ponto final. Não rolou um clique, nem um tchans, nem um plus. Ou rolou, mas por um tempo. E aí acabou. Porque interesses podem sim ser efêmeros, infelizmente. Dói, mas é isso mesmo.

Nos 3 livros que eu citei, os personagens principais ficam pulando de galho em galho, saindo com uma mulher aqui e outra ali. Criam mil escudos de proteção anti-envolvimento, dão mil desculpas para evitar a famigerada intimidade. Deixam um rastro de ex-casos/rolos/namoricos/trepadas pelo caminho, dando ou não uma dessas desculpas que mencionei anteriormente. Algumas vezes agem de maneira bem egoísta, e nem chega a ser por cafagestagem. E aí ficam esses 3 personagens saindo com muitas mulheres e buscando sabe-se lá o que quando PIMBA, conhecem alguém que abre um mundo de alegrias só com o sorriso. Ou vêem que aquele alguém antes dispensado não devia exatamente ter sido dispensado. Saindo dos livros, acho que na vida é exatamente assim. O moço dá desculpas e encontra mil subterfúgios, até que conhece alguém e PLIM PLIM magia - love's in the air! E aí ficam apaixonados, vulneráveis e, MILAGRE, sem desculpas. De repente ele quer se envolver, quer intimidade, dane-se a ex, emprego? que emprego?, carreira? imagine, a vida é muito que isso, let's do it, let's fall in love.

É ou não é simples? Gata, não rolou, não durou, acabou, porque ele simplesmente não se apaixonou por você. O "não" é não mesmo. As desculpas são esfarrapadas, sim, mas a verdade é que nós mesmas, muitas vezes, precssionamos para saber o motivo. Dificilmente um "melhor a gente parar por aqui" vai vir seguido de um "entendo" da nossa parte. A gente quer explicação, porque, afinal, ser rejeitada não é fácil. E aí entra a fase do "mas será que ele quis dizer isso mesmo? Deve estar confuso". Bom, se você curtir um banho maria, cada um sabe de si. Eu acho que, por mais que a vida tenha muitos empecilhos e que nem tudo seja exatamente fácil; na maioria dos casos (ó, até "desgeneralizei" um pouco), quem quer ficar junto, faz de tudo para ficar junto. Simples e doloroso assim. E dói, mesmo. Mas existe o grande clichê a nos salvar: passa.

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Toda a idéia desse texto surgiu porque hoje eu estava conversando com um amigo muito querido sobre o Hornby, que eu recomendei a ele há alguns meses. Como temos gostos bem parecidos, nossa relação é quase um Guia da Folha: dicas e mais dicas de livros, filmes e músicas; chegando ao cúmulo de escrevermos um para o outro algumas recomendações. Cúmulo porque estávamos em férias, e na Bahia. Porque você tira férias, meu amigo, mas o espírito nerd, JAMAIS. E aí eu disse a ele que Rob Flemming mudou a minha vida e que depois de Nick Hornby o foco na minha maneira de tentar entender os bofes tinha mudado. Em outras palavras, Hornby me ajudou a entender um pouquinho, bem pouquinho melhor os moçoilos. Nisso, meu amigo diz: "Nick Hornby para as mulheres. E se os homens quiserem entender as mulheres, devem ler o que?".

Hum... Revistas femininas são feitas para os homens, porque ali, além das mulheres lindas e sensuais, há dicas de como agradar seu homem, como fazer o melhor boquete pro seu homem, como agarrar um homem, como manter um homem. Tudo é para o homem, portanto. Disse a ele que mulheres standard curtem essas revistas, mas que a pequena porcentagem outsider não se encaixa nisso aí não. E aí recomendei "Grey's Anatomy". Pela diversidade de mulheres/personalidades/anseios, sem TANTO estereótipo. Acertei na dica, gatas?

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Em tempo: não sou só eu que teoriza com Nick Hornby. O Gato acha que Hornby é, de certa maneira, auto-ajuda. Aguardo sua teoria, meu bem.

Sobre torcer o nariz

(texto dedicado à minha amada Lilla, a rock-metal girl mais bagaceira e mais sem preconceitos que conheço, que, assim como eu, parou de torcer o nariz. Também minha companheira de jogação)

Fosse ele mais esperto, mais ligeiro e menos neurótico, talvez tivesse obtido "great success", com direito a entonação à la Borat e tudo mais. Era um cara legal, muito confiável, engraçado, boa companhia. Muitas qualidades, pois sim. Mas havia um problema: não havia conversa que não fosse entremeada por algum resmungo. Alguma neurose. Dançar, nem pensar: "mulher que dança é chato: a garota perfeita detesta dançar". Opa! Como assim? Explicou-se: "se quiser, pode dançar, eu fico só olhando sem problema algum, mas nem venha tentar me fazer mexer o corpo, eu só quero ficar quieto e beber minha cerveja. A mulher ideal sai comigo pra boteco, não pra dançar". E nem adiantou perguntar mais: não, ele jamais ao menos tentaria dançar.

Música, só única e exclusivamente aquelas. Aquelas, que são legais, aquelas, que são bem tocadas, mas não, nenhuma outra, grato. Comida, nada de muitas experimentações. Andar pelas ruas era sinônimo de assalto. Parecia, em alguns momentos, que viver era um risco iminente. E todos os questionamentos morais intermináveis, os grandes dilemas "devo ou não", metódico, ai meu deus: quer? Faça. É simples, muito simples. E foi aí que tudo começou a perder a cor.

Que fique claro, a cor não se perdeu pelos gostos, e sim pela falta de vontade de experimentar coisas novas, de viver coisas novas, de se permitir. Que não goste disso ou daquilo, ou de muitos dissos e muitos daquilos, sem problema algum. Mas parecer fechado em si e fechado pra tudo que for novo, puxa, que difícil.

Mas são amigos até hoje. Bem, na verdade sempre foram somente amigos.

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Eu venho pensando muito sobre essa coisa de torcer o nariz. Porque eu já fui assim: já torci o nariz pra tudo. Porque eu tinha padrões rígidos de qualidade, padrões pessoais, enfim, padrões. E aos poucos eu fui vendo que isso não me levaria a lugar algum. Logo eu, que sempre alardeei que não gostava de radicalismos, estava me tornando uma chata radical. E eu já sou chata, com o adendo do radical eu estava mesmo ficando insuportável. Auto-consciência tá aí pra isso, não é mesmo minha gente. Não que fosse uma menina-cara-feia-night-and-day. Não, não... Eu sempre tive senso de humor. Bizarro, mas senso de humor. Mas, sei lá, eu fazia questão de manter minha palavra de que, determinadas coisas, mon dieu, que horror.

Foi todo um processo essa coisa de fazer o nariz parar de torcer tanto, e, com certeza, esse processo chegou ao fim no comecinho desse ano. Minhas fotos dançando ao som de Ivete Sangalo, vestida com um abadá no meio de um show na Bahia provam isso. Eu disse que foi por amor, e, em parte até foi, mas, convenhamos: amor nenhum no mundo faz você dançar Kaoma nem fazer as coreografias de algumas músicas - fiz porque quis, mesmo. Foi tão, mas tão divertido, que eu adotei de vez para mim a filosofia do "se está no inferno, abrace o capeta". Esse ano eu não só abracei, como sentei no colo e ainda dei beijinho no rosto. Posso dizer que tem sido um dos anos mais intensos da minha vida e que tenho me divertido muito mais: simplesmente porque parei de fazer cara de nojinho pra tudo. Continuo tendo meus padrões de qualidade, continuo com diversas frescuras das quais não quero me libertar e show de graça no Anhangabaú, com o populacho suando, eu passo longe. Mas entendi, de uma vez por todas, que uma noite sambando num boteco nunca vai arrancar minha dignidade. Pode fazer com que eu vire alvo de piadinhas dos meus amigos com senso de humor escroto, mas, até aí, amigo tá aí pra isso: dar motivo pra rir.

E aí eu descobri que não consigo achar graça em quem não tem curiosidade. Eu gosto de gente que quer saber. Que paga pra ver, que fala "vamos tentar", "vamos experimentar", "vamos descobrir". Eu gosto de quem arrisca, de quem enfrenta, de quem mostra que é forte, ainda que, obviamente, ninguém seja forte o tempo todo. Sabe gente que abraça a causa? Que dança com você no meio da rua se isso for pra dar risada? Sabe, gente que, na hora certa, consegue tocar um "foda-se" bem bonito. Gente que consegue rir de si mesmo. Gente que, sendo bem simplista no meu exemplo, ouve música boa em casa mas se diverte ouvindo e dançando Beto Barbosa num churrasco. Basicamente, gente que se se joga e arrasa na vida quando há chance: esse é o tipo de pessoa que me encanta de verdade.

domingo, 12 de agosto de 2007

Aaron


Aaron Eckhart já vale um suspiro bem profundo por "Obrigado por fumar" , filme excelente em que ele tem falas sarcásticas e afiadíssimas (ai, esse meu fraco por sarcasmo um dia ainda me mata). O personagem é tão charmoso e tem o pensamento tão rápido (ai, ai...) que você quase ignora que se trata de um narcisista egocêntrico que trabalha como porta-voz oficial de uma indústria de cigarros.

Hoje eu assisti o água-com-açúcar "Sem Reservas", em que seu personagem é o sous-chef de um restaurante comandado por Catherine Zeta-Jones. Só digo uma coisa: uau, esse vale muito mais suspiros profundos. Nesse filme, o personagem de Aaron é realmente adorável e mais um daqueles homens de comédia romântica que nós sabemos - eu, você, nossas amigas telespectadoras e amigas donas-de-casa, leitoras de revistas femininas e miguxas do orkut, enfim, todo o mulherio - não existir. Pois é, minhas amiga, não adianta rezar pra Santo Antônio, aquele tipo de homem non ecziste. Ainda assim, o cara é tão maravilhosamente charmoso que eu quase me esqueci de toda essa racionalidade, quase me esqueci que aquele era apenas um personagem, e, por segundos, quase desejei um híbrido das falas dele em "Obrigado por fumar", da fofice dele nesse filme, obviamente incorporadas nessa belezura da foto (as fotos do imdb estão melhores, já aviso), right here, right now. Mas nem, né.

Enfim, que fique aqui a foto, para alegria das leitores e dos leitores também (sou contra a segregação).

sábado, 11 de agosto de 2007

Nós gatos já nascemos pobres! Porém, já nascemos livres!

Kevin Arnold e Winnie Cooper



Oi gatzinha, ker tc??// Tc de onde, kkkk?//

Eles não namoram: Kevin teve sua virilidade extirpada por um veterinário sanguinário, decisão de minha mãe. Nem muito amigos eles são, acredito que pela frustração de ambos: quando Winnie entra no cio e fica com um fogo na bacurinha que nem leão resolveria, ela bem tenta umas investidas em Kevin que, por sua vez, também tenta umas investidas frustradas em Winnie. Pra vocês verem que vão-se os bagos, fica o instinto. E aí ambos lutam ferozmente pelo meu apartamento: ela quer, ele tenta e não consegue, ela se joga no chão pedindo um alívio para seu furor uterino, ele foge dela e vai se esconder embaixo de minha cama. Por isso que penso seriamente em mandar castrar a Winnie - o problema é que ela é gorda, castrada vai virar o Garfield fêmea. E não me sinto bem em mandar um animal pra castração - parece mistura de tortura com sessão de psicanálise. Mas tenho pensado que é melhor isso do que deixar Winnie-nie (apelidinho carinhoso) sofrer ainda mais por querer saciar seu fogo felino e não poder. Ô dó...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Personare é um pândego

Personarepontocompontobeérre. Eu acesso às vezes, porque nada como apelar para forças ocultas internéticas na hora de tirar dúvidas sobre a vida, o universo e tudo mais. Acho digno e cabível, assim como acho que não faz sentido algum. Mas é aquela máxima, né: yo no creo en brujas, bla bla bla. Hoje descobri que, além de oráculo-para-momentos-de-semi-desespero-sentimental, o Personare também tem senso de humor. Personare usa de ironia. Personare é um site de astrologia maroto com uma maldadezinha no coração. Ou talvez, sabendo que sou parte do clube "Senso de Humor Escroto", ele resolveu tentar me fazer sorrir. Hoje recebi isso:

"(...) sendo este um momento especial para tudo o que diz respeito ao lazer, às diversões, à satisfação da sua "criança interior", os movimentos, as viagens, os namoros e o sexo (...)"

Vamos lá: lazer e viagens, SIM, por favor. Lazer é sempre bem-vindo, amigos também, porque ficar sozinha não tem sido uma experiência gratificante. Viajar, bem, eu sempre quero viajar. Hoje mesmo pensei que tudo o que preciso no momento é de dinheiro e de uma viagem. Se o dinheiro for muito, melhor: uma viagem ao México seria providencial. Mas aí o Sr. Personare me fala de... namoros? Sexo? Agora, assim, nesses próximos dias? Depois de minha decisão de me tornar casta? De me tornar freira? De entrar na comunidade "sexo é coisa de pervertido"? Falei que esse site é um pândego!

E criança interior my ass. A minha eu coloquei de castigo, olhando pra parede.

sábado, 4 de agosto de 2007

Oh baby, I was bound for Mexico... Oh baby, I was bound to let you go...

São duas da manhã e só agora cheguei em casa do aeroporto. Na verdade, cheguei só agora porque saí de Cumbica com o coração tão em frangalhos que precisei de gordura trans em forma de cheesebacon salada para fazer meus lábios sorrirem um pouco. Na volta, dentro do ônibus, me deu um semi-desespero de estar sozinha. Eu só pensava em abraços, eu queria abraços, queria colo, queria vozes reconfortantes me dizendo que entendiam tudo o que eu estava sentindo, que eu tinha mesmo motivos para estar tão triste. Liguei não para um, mas para meus cinco amigos mais próximos, um em cada momento da viagem de volta. Recebi convite para almoçar em Embu das Artes e não passar o sábado na fossa ouvindo músicas mexicanas, recebi convite para ir me empanturrar de comida gordurosa, ouvi as tais vozes reconfortantes que me serviram como muitos abraços.

Eu sei que vou ficar bem. Mas também sei que em muitos momentos em que eu ficar sozinha, é só nessa partida que vou pensar. E vai doer, muito, assim como dói escrever esse texto, assim como dói pensar que estou tão longe, que ficarei tão longe e que não sei quando o verei de novo. Eu posso repetir isso infinitamente: dói. E, por mais que doa, eu não me arrependo de nenhuma escolha que fiz, não me arrependo de nada do que vivi, do que abri mão, do que chorei. Desde o começo eu sabia que estava entrando numa história com data de validade. E pode parecer loucura mas, apesar dessa consciência, eu nunca pensei em desistir.

A verdade é que numa relação, quem está de fora pode ter mil opiniões a respeito, e é bom ouvir algumas opiniões às vezes (bem às vezes) porque quem não está envolvido na situação enxerga as coisas de uma maneira mais clara. No entanto, também é verdade, e uma verdade dessas bem grandes, que só as duas pessoas que vivem um relacionamento sabem do que se passa, sabem o que viveram e vivem e sabem o que devem ou não fazer um com o outro. Eu sei o que eu tive, eu sei o que eu vivi e eu tenho certeza que, por mais percalços que tenham acontecido, não vivi uma história comum. Eu sei que o que eu tive (tenho) não é algo que se tem com qualquer cara que você conhece na balada e chega em você pra conversar, mas na verdade não está te ouvindo coisa nenhuma. Eu encontrei alguém que conversa de verdade, que sabe ouvir, que sabe calar, que entende meus silêncios, porque também silencia. E ainda que nunca tenhamos tido oportunidade de viver algo no dia-a-dia, e que seja no dia-a-dia que se veja mesmo como é alguém, é possível saber se aquela pessoa daria realmente certo com você ou não por algumas características, algumas maneiras de pensar. Pelo pouco que sei da vida, acho que muitos casais passam talvez a vida tentando encontrar esse entendimento tão grande e muitas vezes simplesmente não encontram, não conseguem. E é esse entendimento que me faz dizer, com certeza, que existe um "q" de filme nisso tudo que vivi.

Pode-se dizer que sou sortuda. De uma viagem em que eu não esperava nada, eu tive talvez os melhores dias de todos; de uma viagem que se prolongou, eu tive e-mails longos, eu tive conversas longas por telefone, tive visitas em São Paulo, tive família mexicana, tive pessoas bacanas de Brasília. Eu tive quase 7 meses de uma história que poderia ter ficado somente lá, nas férias. Também tive discussões, momentos de braveza, ansiedade, incerteza; mas tudo isso ia embora logo que começávamos a conversar. Nada disso tudo era esperado. Nada disso foi planejado. A única coisa planejada era que ontem, dia 3, ele iria embora. De vez.

E cá estou eu, monotemática. E triste. E chorosa. E ciente de que vai demorar um tempo até eu assimilar a idéia de que o que vivi até agora acabou. Vai demorar um tempo até que eu me recupere, vai levar um tempo até que eu pense nisso sem sentir um nó na garganta. Por favor, não me digam que a fila anda. Por favor, nem pensem em me dizer que preciso desencanar. Por favor, nem cogitem a possibilidade de dizer que preciso conhecer outra pessoa agora. Eu preciso do meu tempo. E é aqui que vou expurgar todas as lembranças boas e as tristezas desse meu tempo.

E pra você, que uma hora ou outra vai acabar lendo isso aqui: caralho, como eu vou sentir sua falta.

Temporariamente monotemática

Perdoem-me, cinco leitores fiéis, se, daqui pra frente e durante um tempo eu me tornar monotemática. Prefiro minha verborragia acerca do mesmo assunto por aqui do que no ouvido dos meus amigos tão queridos, que, por mais maravilhosos (MESMO) e pacientes (MUITO) que sejam, não merecem ouvir sobre a mesma coisa over and over again. Ninguém merece, na verdade (eu detesto essa frase: "ninguém merece". Popularizou demais, parece coisa de adolescente, mas enfim, não consegui pensar em outra). Mas blog é aquela coisa: entra quem quer, lê quem não tem juízo. Por isso, se alguém reclamar que durante esse tempo, que não sei quanto tempo vai durar, tenho escrito só sobre a mesma pessoa/assunto, eu vou mandar tomar no cu com areia, que é pra doer bastante *pisca com meiguice*. Afinal, eu fui fofa *pisca novamente* e avisei antes que rola um monotema.
Gracias.